Impactos da urbanização e outros usos do solo

09/06/2023


Atualizado em 09/06/2023  |  por Equipe OICS

 

O processo de urbanização vem crescendo de forma acelerada nas últimas décadas, comprometendo a qualidade de vida e a sustentabilidade das cidades. Segundo estimativas da ONU-Habitat, a população mundial será de 68% em 2050. No Brasil, em 2022, o total de população vivendo em grandes centros urbanos já ultrapassou os 80%. As consequências deste processo de crescimento, sem o planejamento urbano adequado, podem gerar impactos negativos que afetam a saúde de seus habitantes e a qualidade do meio ambiente. Segundo a pesquisa Contas Econômicas Ambientais da Terra, do IBGE, o Brasil perdeu 513 mil km² de área verde em duas décadas, o equivalente a 6% do território nacional.

O Observatório de Inovação para Cidades Sustentáveis apresenta, em seus painéis de dados, alguns indicadores que caracterizam este cenário, tais como a Taxa de antropização (Taxa de crescimento da área artificial e agrícola), Percentual de áreas verdes e Internações por doenças cardiorrespiratórias por 100 mil.

Ao analisar o gráfico 1, extraído do painel de dados municipais do OICS, é possível acompanhar o progresso da antropização no território brasileiro sob diferentes perspectivas e ao longo do tempo. Levando em conta a área dos 5.570 municípios e os três indicadores analisados, observa-se um aumento da área antropizada – que passou de 25,63% para 27,18% entre 2010 e 2018 – e uma diminuição das áreas verdes – que reduziram de 55,15% para 53,17% no mesmo período. Além disso, constatou-se um crescimento nas internações por doenças cardiorrespiratórias por 100 mil habitantes, que subiu de 11,17 para 13,66.

Gráfico 1: Taxa de antropização, Percentual de áreas verdes e Internações por doenças cardiorrespiratórias por 100 mil- 2010 -2014-2018


 

Fonte: Painéis OICS

 

O processo de antropização se apresenta mais avançado na região Centro-Oeste, onde em 2010 a área antropizada correspondia a 65,34%, aumentando para 66,99% em 2018, neste caso consequência de uma forte expansão agrícola. Paralelamente, as áreas verdes sofreram redução, passando de 34,16% para 32,92%. Os números mais expressivos foram verificados no estado do Mato Grosso do Sul, onde a área antropizada alcançava 85,55% em 2010 e continuou a expandir-se, registrando 86,18% em 2018. As áreas verdes neste estado também diminuíram, de 14,66% para 12,31% no mesmo intervalo de tempo.

Considerando os biomas analisados, a Mata Atlântica, que abrange 2.750 municípios, apresentou uma redução de 0,67 ponto percentual em suas áreas verdes entre 2010 e 2018. No entanto, a área verde observada ao final dessa série temporal foi de apenas 24,13%, sendo este o valor mais baixo registrado dentre os biomas estudados.