Nos últimos anos, o crescimento desenfreado das cidades tem exacerbado desafios urbanos significativos, desde o aumento das emissões de gases de efeito estufa até a escassez de recursos naturais e infraestrutura inadequada. A abordagem convencional de planejamento urbano (baseada no metabolismo linear) contribui para esses problemas ao tratar cada aspecto da infraestrutura urbana de forma isolada. Esta abordagem desconectada muitas vezes resulta em soluções inadequadas e pouco sustentáveis para as necessidades reais das cidades.

Em contraste, o metabolismo circular emerge como uma metodologia promissora para o desenvolvimento urbano sustentável. Introduzida inicialmente pelo projeto SymbioCity, desenvolvido pela SALAR em 2008, esta abordagem propõe uma visão holística que integra considerações ambientais, econômicas e socioculturais no planejamento urbano. Ao adotar o metabolismo circular, as cidades podem maximizar o aproveitamento de recursos, reduzir o desperdício e promover uma infraestrutura mais integrada e eficiente.

A metodologia de planejamento baseada no metabolismo circular prioriza a eficiência energética em edificações, a compactação da malha urbana para incentivar o uso misto do solo e o transporte público, além do fomento ao uso de energias renováveis. Essas medidas não apenas reduzem as emissões de gases de efeito estufa, mas também melhoram a qualidade do ar e promovem um ambiente urbano mais saudável e sustentável para seus habitantes.

O bairro Hammarby Sjöstad, em Estocolmo, Suécia, passou por uma transformação significativa desde o início dos estudos na década de 1990 até hoje. O projeto implementou um novo planejamento integrado para a área, que antes era industrial com problemas de poluição e urbanização irregular, incluindo infraestruturas inovadoras como estações separadas para tratamento de águas servidas, água de chuva e esgoto, aquecimento solar de água, geração de energia por painéis fotovoltaicos e sistema de coleta de resíduos a vácuo. Além disso, o plano visa densificação urbana, integração com bairros adjacentes e incentivo ao transporte multimodal, reduzindo a dependência de veículos particulares.

Além de suas aplicações diretas no planejamento urbano, o metabolismo circular visa disseminar seu conhecimento através da criação de uma rede internacional de desenvolvimento urbano sustentável. Isso inclui pesquisa contínua, publicações temáticas, capacitação de profissionais e colaboração entre diversos atores no processo de planejamento urbano. Essa abordagem integrada aborda os desafios atuais das cidades e prepara o terreno para um crescimento urbano mais equilibrado e resiliente no futuro.

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Por: Ana Luiza Moraes