Brasília

A metodologia, etapas, conclusões e bases conceituais norteadoras do estudo realizado por meio de técnica “in situ” por meio da obtenção de dados primários estão descritos e fundamentados nos Produtos 1, 2, 3,4 e 5 do contrato firmado com a Finatec. Para uma maior compreensão da metodologia, é importante entender que fluxo da água em um meio natural migra de um ponto de maior carga hidráulica para um ponto de menor carga, a estabilização do fluxo deve passar pela inversão local do fluxo natural a partir da criação de um cone de depressão junto aos poços de rebaixamento e bombeamento. Desta forma, para a contenção da pluma e se evitar que o fluxo migre em direção às nascentes é necessária a instalação de poços de bombeamento na forma de baterias isoladas, nos locais em que a pluma apresenta maior concentração de contaminantes. Esta ação contempla a atenuação e depuração natural que o próprio aquífero já desenvolve como uma de suas funções primordiais. A localização das baterias de poços foi determinada a partir do diagnóstico ambiental (Produto 3 do contrato – em Anexo) e visa a contenção da migração da pluma nos locais com maior concentração da contaminação. Como a maior parte da pluma com maior concentração migra em direção ao córrego Cabeceira do Valo, foram posicionadas duas baterias de poços naquele setor e uma bateria na porção oposta, próximo ao limite com o Parque Nacional de Brasília (Figura 19 – em anexo). A bateria do setor leste é composta por cinco poços, pois, as vazões e a área afetada por contaminação de grande concentração, naquela região, são menores. Testes hidráulicos foram realizados em poços para se verificar suas vazões potenciais e o respectivo rebaixamento. No dia 12/02/2021 o poço LX12, com nível estático de 7,71 metros foi bombeado por duas horas, com vazão de 2.500 L/h, até que o nível se estabilizou em 11,98 metros. O Rebaixamento de 4,27 metros é suficiente para manter a pluma estável com fluxo de oeste para leste. No dia 17 de março mais dois poços foram testados hidraulicamente, com bombeamento de 2.500 L/h, produzindo os seguintes resultados: Poço LX13 nível estático de 6,54 metros, com bombeamento por 2,5 horas alcançando o nível dinâmico de 9,41 metros (rebaixamento de 2,87 metros) e Poço LX5 (nível estático de 2,70 metros e nível dinâmico de 3,82 metros) com bombeamento por 40 minutos e estabilização a partir de 2 minutos após início do teste e recuperação instantânea. Os resultados dos testes nos poços LX13 e LX5 mostram que para a contenção da pluma será necessário o aumento da vazão com uso de bomba com maior potência. Poços construídos em solos argilosos em ardósias apresentam vazões muito reduzidas e dificilmente poderiam contribuir para o rebaixamento do nível freático em barreiras hidráulicas. A Figura 20, em anexo, mostra como o estabelecimento do cone de depressão de poços causa a inversão do fluxo e a contenção da migração do contaminante produzindo uma área do aquífero livre dos efluentes em direção a jusante. Os dados hidrodinâmicos dos aquíferos freáticos são suficientes para a determinação do número de poços que compõem cada bateria, uma vez que se acumulam dados oriundos dos testes de infiltração in situ, descrição dos perfis construtivos e pedo-litológicos, Slug Test, além dos testes de bombeamento em poços selecionados. A locação das baterias de poços para composição da barreira hidráulica foi feita pela integração de: locais com maior concentração da pluma de contaminação, locais com presença de materiais arenosos em profundidade e poços com as maiores vazões. A hidráulica de poços e os mecanismos que controlam o rebaixamento em aquíferos considerados homogêneos e isotrópicos, além de livres devem ser norteados pelo método de Neuman aplicado a esta categoria de reservatório subterrâneo (Freeze & Cherry, 1979; Driscoll, 1986; Fitts, 2002 e Fetter, 2004). Nas baterias de poços situadas a oeste a distância entre os poços varia entre 50 e 100 metros, por se tratar de uma região rica em material arenoso em subsuperfície. Na bateria de leste os poços deverão apresentar uma distância de cerca de 40 metros para se alcançar o mesmo objetivo de rebaixamento. A água contaminada bombeada a partir das baterias de poços de leste foi encaminhada para as piscinas de chorume já instaladas e posteriormente reinjetado nos mesmos sistemas em que o chorume é atualmente disposto com auxílio de caminhões-pipa. A bateria situada a oeste injetou o efluente no Poço de Injeção localizado a 350 metros a sudoeste na borda do maciço de resíduos. Caso seja necessário, um pequeno reservatório pode ser instalado nas proximidades da bateria para se viabilizar a ligação da tubulação adutora para a reinjeção. Como o objetivo é a inversão do fluxo do Sistema Aquífero Freático, os poços podem ser rasos (até 30 metros) com ampla seção filtrante e com espaço anelar preenchimento com préfiltro silicoso, fino (0,4 a 0,6 cm) em bem selecionado. O diâmetro de perfuração deverá ser de 7 polegadas e o revestimento de 4 polegadas de diâmetro. A porção rasa do poço (5 metros iniciais) é mais concretado, compondo o sele sanitário do poço. A Figura 21, em anexo, mostra o perfil padrão do poço que foi instalado nas baterias de bombeamento. As bombas de 2,5 polegadas de diâmetro com capacidade de bombeamento de até 3 m3 /h. Considerando que cada bateria de poço tenha de 3 a 5 poços, espera-se bombear uma vazão de 9 a 15 m3 /h o que é suficiente para causar o rebaixamento de alguns metros da superfície potenciométrica livre e a inversão do fluxo de forma convergente em direção à bateria de poços. As baterias de poços são submetidas a constante vigilância para se evitar vandalismos e furtos de equipamentos (principalmente cabos elétricos e bombas submersíveis), os quais, infelizmente ocorrem de forma constante na área do Lixão e adjacências. O bombeamento é realizado durante 12 h diárias de forma simultânea em todos os poços que compõem cada bateria de bombeamento, preferencialmente durante o período noturno, quando a energia elétrica tem menor custo. Após instalação das baterias de poços e início de operação do sistema de rebaixamento os três sistemas são monitorados para obtenção dos seguintes dados: - valor total do rebaixamento em cada poço individualmente pelo bombeamento por pelo menos 6 horas contínuas; - avaliação do rebaixamento a partir do bombeamento simultâneo de todos os poços que compõem a bateria de rebaixamento; - avaliação do tempo de recuperação dos níveis depois de interrompido o bombeamento; e - determinação da vazão de bombeamento de cada bateria. Estas informações são aplicadas para a gestão do material bombeado, desde a definição dos parâmetros químicos médios do efluente, passando pela capacidade da estação de tratamento, volume dos reservatórios auxiliares, até a determinação das vazões máximas para reinjeção no maciço, garantindo assim a total estabilização da pluma de contaminação de chorume.