Detalhe Brasilia
Brasília
O investimento em inovação para o desenvolvimento de novas tecnologias que ampliem a escala da agricultura sustentável é um passo necessário diante do atual cenário de mudanças climáticas, em que a agricultura, tal como é realizada na grande maioria dos casos, é um dos importantes colaboradores para o aquecimento do planeta e degradação do meio ambiente. Disponibilizar máquinas para os agricultores, com manutenção e orientação de uso, bem como facilitar o acesso a insumos por parte dos agricultores (preferencialmente aqueles adubos aceitos pela agricultura orgânica, além de mudas e sementes), torna a implementação de agroflorestas em escala ainda mais viável. A agrofloresta com mecanização é uma experiência piloto cujo objetivo é testar a eficiência do ponto de vista ambiental, social e econômico da inserção de maquinário na implantação desse modelo agrícola. O teste foi realizado em 20 hectares, envolvendo 37 famílias. O foco foi garantir que esses sistemas agrícolas, mais amigáveis do ponto de vista ambiental, contribuam para a continuidade de produção de água em qualidade e quantidade nas duas bacias hidrográficas que abastecem a maior parte da população de Brasília. Assim, a substituição de uma agricultura tradicional pelos SAF com mecanização poderá ser mais atrativa para o produtor rural dessas localidades, melhorando a recarga hídrica dos dois reservatórios de abastecimento público, Descoberto e Paranoá. A experiência teve como diferencial a inovação na forma de produção e manejo, propiciada pelo desenvolvimento de implementos agrícolas, o que de certa forma traz uma perspectiva de ampliação da escala de produção bastante desejada pelos produtores. Oficina de Gênero e Pertencimento
Desafios OICS
- Uso apropriado do solo
- Tratamento e recuperação de áreas contaminadas ou degradadas
- Acesso à água limpa
- Ciclo natural da água
- Uso eficiente e responsável da água
- Mudança climática e resiliência
- Restaurar e conservar serviços ecossistêmicos
- Ar e água superficial e subterrânea limpos
- Qualidade de vida, saúde e nutrição
Eixos PCS
- BENS NATURAIS COMUNS
- CONSUMO RESPONSÁVEL E OPÇÕES DE ESTILO DE VIDA
- CULTURA PARA A SUSTENTABILIDADE
- DO LOCAL PARA O GLOBAL
- EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE E QUALIDADE DE VIDA
- GESTÃO LOCAL PARA A SUSTENTABILIDADE
Palavras-chave
Atores
SUGARS/SEMA-DF
governamental
SEAGRI-DF
governamental
EMATER-DF
governamental
Administração Regional do Lago Norte
governamental
Produtores rurais familiares das bacias do Descoberto e do Paranoá
cidadaos
CIRAT
terceiro-setor
Ernst Götsch – Concep Implem p mecanização SAFs
outro
Conselho de Desenvolvimento Rural do Lago Norte
cidadaos
Conselho de Desenvolvimento Rural de Brazlândia
cidadaos
Associação de Mulheres Prods Rurais da região do Descoberto
cidadaos
Programa Produtor de Água - Região do Descoberto
governamental
Universidade de Brasília - UnB
instituicoes-de-ensino
Fornecedores
terceiro-setor
Centro Internacional de Água e Transdiciplinaridade - CIRAT
Público beneficiado
Produtores rurais familiares das bacias hidrográficas do Descoberto e do Paranoá
Processo de articulação
O ponto de partida para o desenvolvimento do projeto-piloto foi a elaboração do Termo de Referência. O foco territorial do projeto no DF foram as bacias hidrográficas do Paranoá e do Descoberto que juntas respondem por cerca de 85% do abastecimento de água da capital federal e que são fundamentais para a segurança hídrica do Distrito Federal, conforme o Mapa Hidrográfico do Distrito Federal de 2016/SEMA. A bacia hidrográfica do Paranoá escoa as suas águas pelo Lago Paranoá, situado a jusante da área urbana da cidade de Brasília. Essa bacia tem sofrido uma forte pressão imobiliária, inclusive nas suas áreas mais preservadas, além da impermeabilização do solo e do despejo de resíduos e efluentes que ameaçam a quantidade e qualidade de suas águas. Dentro da bacia do Paranoá o foco de trabalho foi a região da Serrinha do Paranoá (UH 18 - Ribeirão do Torto e UH 9 - Lago Paranoá) e a Área de Relevante Interesse Ecológico da Granja do Ipê (ARIE-Granja do Ipê) – UH 13 - Riacho Fundo. A Serrinha do Paranoá localiza-se na sub-bacia norte do Lago Paranoá. Mais de 100 nascentes foram identificadas nessa região, em trabalho compartilhado entre a Administração Regional do Lago Norte e as instituições da sociedade civil que atuam no local, nos cerca de 9 córregos que formam a região. A ARIE da Granja do Ipê está à margem esquerda do Córrego do Ipê e é considerada a microbacia que possui melhor qualidade de água entre os tributários do Riacho Fundo (porção sul da bacia do Paranoá). Por sua vez, a bacia do Descoberto, localiza-se na porção oeste do Distrito Federal, abrangendo a região da divisa com o estado de Goiás, suprindo a demanda de água de cerca de 60% da população do Distrito Federal e é palco de uma articulação multi-institucional denominada “Aliança pelo Descoberto” que precisava ser fortalecida para garantir a manutenção da vocação rural e a prestação dos serviços ecossistêmicos daquela bacia. A região prioritária da realização do Termo de Referência na bacia do Descoberto abrangeu a UH 33 (Alto Rio Descoberto) e a UH 26 (Ribeirão Rodeador). Para a execução do Termo de referência, o CGEE firmou o Contrato n° 001/2019 com o Centro Internacional de Água e Transdisciplinaridade (Cirat). O Contrato visou executar projetos-piloto voltados ao desenvolvimento de pesquisas e inovações, que colaborem para uma melhor gestão, entendimento e intervenção nas bacias hidrográficas dos lagos Descoberto e Paranoá. Nesse contexto, as ações implementadas buscaram ampliar a capacidade de ação do governo do Distrito Federal para promover a proteção dos recursos naturais com vistas a uma maior produção de água, associada ao processo de diversificação produtiva na região das duas bacias.
Investimento necessário
DE 500 ATE 1000 MIL
Especificação dos valores
-
Foram desembolsados R$ 687.782,28 e realizadas as seguintes ações:
Aquisição de 03 implementos (maquinários) para mecanização de agroflorestas e capacitação de produtores rurais e técnicos extensionistas no uso destes equipamentos – R$107.098,15
Treinamento de 80 agricultores e extensionistas para utilização de agroflorestas nas bacias-alvo, com introdução ao tema, técnicas e conceitos de implantação de SAF mecanizados, com carga horária de 32 horas
- R$72.857,64; Implementação de Sistemas Agroflorestais (SAF) mecanizados em 20 hectares das microbacias-alvo, nas bacias do Descoberto e Paranoá
- R$ 230.417,85 Monitoramento de campo da implementação dos 20 hectares de agrofloresta e as atividades de manutenção no final do segundo ano
- R$13.644,72; Sistematização com conteúdo para publicação, contendo o resultado da manutenção e a sistematização final das experiências de implantação dos 20 hectares de agrofloresta mecanizada durante os três anos do experimento
- R$24.200,06; Manutenção e replantio de 84 mudas/propriedade – R$124.058,13. Publicação Cartilha Boas Práticas – SAF pela SEMA/DF [tiragem de 3.000 unidades]
- R$22.052,30.
Piloto
Período de implementação
Início 01/04/2019
Finalização 28/02/2022
País
Brasil
Estado/província
Distrito Federal
município
Brasília
bairro
Localização
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Detalhes
Benefícios
Sociais
A principal mudança ocasionada pela experiência em trabalhar com agroflorestal, para a maioria dos beneficiados (38%), foi em relação aos seus hábitos alimentares, indicativo relevante do efeito benéfico das áreas plantadas para a segurança alimentar. Nesse sentido, a produção de alimentos orgânicos, beneficia diretamente as famílias, podendo ser fonte de renda e garantir sua subsistência, e indiretamente aumenta o mercado de alimentos orgânicos, com benefícios para a saúde da população do DF. Por outro lado, destaca-se a realização de capacitações e a assistência técnica para a realização dos plantios, que são consideradas como benefícios sociais pois promovem a educação para a sustentabilidade e fornecem condições para a geração de emprego e o desenvolvimento profissional dos beneficiários. Esse resultado reflete o potencial e a relevância da presença técnica especializada no campo.
Ambientais
Dentre os principais benefícios ambientais do projeto, destacam-se a conservação do solo, o aumento de biodiversidade nas áreas implantadas, a ciclagem de nutrientes e o aumento da disponibilidade hídrica. Durante os 36 meses do projeto-piloto realizado, foram plantadas 10.298 mudas de árvores frutíferas, 9.424 mudas de eucalipto e 1.100 indivíduos de 25 espécies diferentes de árvores nativas do Cerrado, produzidas a partir da germinação das sementes contidas nas “muvucas”. Segundo a visão dos agricultores no processo de monitoramento, o binômio “água” e “produção” foi considerado como motivo para continuar a se fazer agrofloresta devido ao potencial de aliança existente e reconhecida entre a produção e a conservação nos sistemas agroflorestais. Um benefício associado ao uso do maquinário, destaca-se que o uso de ceifadeira-enleiradeira protege o solo e favorece a microbiota.
Econômicos
Dentre os principais benefícios econômicos do projeto podem ser citados a diversificação da produção e a geração de renda para os beneficiários. 35 dos 37 produtores rurais beneficiados pelo Projeto puderam colher 52 variedades diferentes de alimentos que foram produzidos nos SAF implantados. A tendência é que a variedade de alimentos produzidos aumente ainda mais, já que as frutíferas, na sua maioria, ainda não começaram a produzir. Das 52 variedades de alimentos produzidos, a maioria é de hortaliças e “legumes” (38%), seguidos de ervas e temperos (25%). Ressalta-se que 17 dos 37 beneficiados não tinham nenhuma experiência prévia com comercialização. Também vale destacar que alguns produtores não buscaram a comercialização e o enriquecimento produtivo das áreas (22%), pois possuíam outras fontes de renda. Outros não o fizeram por falta de recursos e mão de obra. Mesmo assim, o resultado de produção e renda foi significativo para a realidade dos beneficiados, a ponto de serem os principais motivos apresentados pelos agricultores para a manutenção dos SAF implantados. As formas de comercialização que os agricultores utilizaram para a venda da produção das áreas dos SAF, as comunidades que sustentam a agricultura – CSA são as principais fontes de renda, representando 82,3% da renda total arrecadada de todas as áreas, mesmo com apenas nove beneficiados (24% do total) utilizando dessa estratégia comercial. A participação ou não em uma CSA foi, portanto, um importante diferencial de renda e de produção. A venda em feiras é a maneira de comercialização mais comum (42%), mas percebe-se a necessidade de melhorar a organização da produção e do coletivo de produtores que se utilizam dessa estratégia.
Emissão de GEE (Gases de Efeito Estufa)
Este piloto contribui para a redução da emissão de GEE (Gases de Efeito Estufa)
Justificativa
Ao aumentar a produção agrícola de forma sustentável, pode-se impactar positivamente a oferta de alimentos usando menos recursos e minimizando os impactos ambientais negativos. Dessa forma, é possível combinar práticas de adaptação, para aumentar a resiliência da agricultura, e de mitigação, visando reduzir as emissões de GEE’s. Há ainda o benefício da captura de carbono nas áreas com recomposição de vegetação, incluindo espécies nativas.
Informações sobre o processo
36 meses para implementar
12 meses para obter retorno