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O Projeto Nascentes é um projeto-piloto e possui como principal entrega a recuperação de 80 hectares de Áreas de Proteção Permanente (APP) de nascentes e de cursos d'água e áreas importantes de recarga hídrica de aquíferos do DF. O projeto testou a viabilidade de soluções inovadoras para a recomposição vegetal nativa em áreas do Distrito Federal. Podem-se citar pelo menos cinco iniciativas dessa natureza: - análise multicritério para priorização das áreas visando à recomposição vegetal; - a nucleação como técnica de recomposição vegetal nativa; - o plantio de sementes nativas como técnica complementar às principais utilizadas; -a condução de regeneração natural para regenerar as áreas mais rapidamente e reduzir os custos do agricultor; - utilização do Protocolo de Monitoramento da Recomposição da Vegetação Nativa do Distrito Federal (WWF, 2017).

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - ODS

Desafios OICS

  • Uso apropriado do solo
  • Tratamento e recuperação de áreas contaminadas ou degradadas
  • Acesso à água limpa
  • Ciclo natural da água
  • Mudança climática e resiliência
  • Restaurar e conservar serviços ecossistêmicos
  • Áreas verdes urbanas

Eixos PCS

  • BENS NATURAIS COMUNS
  • CULTURA PARA A SUSTENTABILIDADE
  • DO LOCAL PARA O GLOBAL
  • EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE E QUALIDADE DE VIDA
  • GESTÃO LOCAL PARA A SUSTENTABILIDADE

Palavras-chave

  • Recuperação e Área de preservação permanente
  • Nascentes e espécies nativas
  • Diagnóstico ambiental e Análise multicritério
  • Protocolo de monitoramento
  • Bacias do Paranoá e Descoberto

Atores

Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Proteção Animal do Distrito Federal

governamental

Instituto Brasília Ambiental

Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal

Centro de Gestão e Estudos Estratégicos - CGEE

E A Meio Ambente e Engenharia - Equilíbrio Ambiental

Fornecedores

iniciativa-privada

E A MEIO AMBIENTE E ENGENHARIA – EQUILÍBRIO AMBIENTAL

Público beneficiado

72 agricultores localizados na bacia hidrográfica do rio Descoberto e da bacia hidrográfica do rio Paranoá, no Parque Ecológico do Riacho Fundo e no Parque Ecológico Águas Claras. Os agricultores da bacia hidrográfica do rio Descoberto são em sua maioria assentados de reforma agrária, diferentemente de os localizados na bacia hidrográfica do rio Paranoá que possuem uma situação socioeconômica referente à da classe média.

Processo de articulação

Com o advento da crise hídrica em 2016 e a realização do 8º Fórum Mundial da Água em Brasília, em 2018, a questão da segurança hídrica ganhou maior destaque, trazendo à tona a necessidade de recuperar áreas degradadas e preservar os serviços ecossistêmicos relacionados. Diversos fatores contribuem para a diminuição da disponibilidade de água, incluindo as mudanças no regime de chuvas, o aumento do consumo devido ao crescimento populacional e as altas taxas de supressão de vegetação nativa. Além disso, técnicas inadequadas de produção agrícola podem levar à impermeabilização do solo, afetando o abastecimento dos corpos hídricos da bacia, especialmente no que se refere ao abastecimento de água. Diante desse cenário, a inovação nas técnicas de plantio voltadas para a proteção das bacias hidrográficas, com foco nas áreas de proteção permanente, como nascentes e recarregamento hídrico de mananciais, tornou-se essencial no enfrentamento da crise hídrica e climática. Essas medidas visam preservar e recuperar os ecossistemas que são fundamentais para a manutenção do ciclo hidrológico e a disponibilidade de água de qualidade. Ao adotar práticas de plantio inovadoras, como agroflorestas e sistemas agroflorestais, é possível reduzir a erosão do solo, aumentar a infiltração de água, promover a retenção de umidade e melhorar a qualidade da água nas bacias hidrográficas. Além disso, a conservação das áreas de proteção permanente, como matas ciliares e nascentes, contribui para a manutenção dos cursos d'água e a recarga dos aquíferos. A integração de atividades agrícolas e florestais numa mesma área torna o sistema agrícola mais sustentável, considerando que passam a atuar de forma sinérgica e complementar. A combinação de culturas agrícolas e plantios otimizam o uso dos recursos naturais, promovem a conservação do solo, melhoria da qualidade da água, aumento da produtividade e redução dos impactos ambientais negativos. Nesse sentido, a presença de árvores contribui para a melhoria da fertilidade do solo, proteção contra erosão, aumento da biodiversidade, sequestro de carbono. A agricultura pode se beneficiar da fertilidade do solo e da ciclagem de nutrientes promovida pela integração. Economicamente, a diversificação das atividades permite uma maior estabilidade de renda ao longo do ano, com a possibilidade de comercialização de diferentes produtos agrícolas e florestais. A integração dos sistemas contribui para a conservação dos recursos naturais, a mitigação das mudanças climáticas e a promoção do desenvolvimento rural sustentável. É fundamental estabelecer estratégias de manejo sustentável da água, envolvendo ações integradas entre governos, setor privado, sociedade civil e comunidades locais. Essas estratégias devem incluir a implementação de programas de incentivo à adoção de práticas sustentáveis na agricultura, o desenvolvimento de sistemas de monitoramento e controle da qualidade da água, a promoção da educação ambiental e o estabelecimento de políticas de gestão hídrica eficientes. Nesse contexto, a inovação nas técnicas de plantio e a proteção das áreas de proteção permanente tornaram-se pilares fundamentais para enfrentar a crise hídrica e climática. É necessário promover uma abordagem integrada, que considere tanto a conservação dos recursos hídricos quanto o desenvolvimento econômico e social de forma sustentável. Somente com ações conjuntas e investimentos em tecnologias e práticas inovadoras será possível garantir a segurança hídrica e enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas.

Investimento necessário

DE 1 ATE 5 MILHAO

Especificação dos valores

    R$3.114.772,85
  • investimento total de todos as etapas metodológicas da implantação do projeto-piloto Nascentes. Custos por etapa metodológica da implantação do projeto-piloto Nascentes: Diagnóstico: R$ 312.378,72 Implantação: R$ 1.325.194,28 Manutenção, monitoramento replantio: R$ 1.085.761,70 Mobilização: R$ 111.753,91 Sistematização e elaboração da Cartilha: R$ 257.631,94 Impressão da tiragem 3.000 unidades da Cartilha: R$ 22.052,30

Piloto

Período de implementação

Início 07/01/2020

Finalização 14/12/2022

País

Brasil

Estado/província

Distrito Federal

município

Brasília

bairro

Bacias do Descoberto e Paranoá

Localização

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Detalhes

Implantação de técnicas de recomposição vegetal nativa em 82,39 ha distribuídos na bacia hidrográfica do rio Descoberto e do rio Paranoá.
Este projeto-piloto teve como objetivo a recomposição da vegetação nativa em Áreas de Preservação Permanente (APP) de nascentes e cursos d'água, bem como em regiões de recarga hídrica de aquíferos. Assim, o Projeto Nascentes foi realizado na bacia hidrográfica do rio Descoberto e do rio Paranoá em decorrência de suas características e importância para o DF, em resposta ao enfrentamento da crise hídrica vivida no DF, em especial entre os anos de 2015 e 2017. A causa da estiagem foi a combinação de chuvas abaixo da média histórica e altas temperaturas. Destacam-se ainda a ocupação desordenada no solo, as captações clandestinas, o aumento da população – em média 60 mil habitantes por ano, segundo o IBGE – e ausência de obras estruturantes por mais de 16 anos. O impacto foi direto no sistema de abastecimento de Brasília, atingindo principalmente os reservatórios de Descoberto e de Santa Maria. Os dois fornecem o equivalente a 89,3% do total de água tratada, representando 81,7% da população atendida pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal - CAESB (Governo do Distrito Federal, 2017). É importante salientar a relação da geomorfologia com os diques marginais dos rios que dão suporte aos ecossistemas de matas ciliares ou florestas de galerias. A vegetação tem papel fundamental na dinâmica dos processos fluviais. As diferentes coberturas interceptam e protegem os solos da ação direta das gotas de chuva, evitando o assoreamento do curso de água; as raízes, por sua vez, e a matéria orgânica em decomposição mantêm a estrutura do solo, permitindo os fluxos de ar e água na matriz do solo. Essa água recarrega os lençóis subterrâneos e flui para os rios. A bacia hidrográfica do rio Descoberto, localizada na porção oeste do Distrito Federal, mais precisamente entre as latitudes 15°36'00" S e 16°05'00" S e as longitudes 48°18'00" W e 48°06'00" W, é responsável por drenar uma área de 895,9 km2 (CARMO et.al. 2005). Essa bacia no DF compreende as regiões administrativas de Brazlândia, Taguatinga, Ceilândia, Sol Nascente/Pôr do Sol, Gama e Samambaia. Trata-se de uma região que sofre com a pressão da expansão urbana e conflitos referentes às atividades agrícolas extensivas e intensivas. Conforme o Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal (GDF, 2010), o lago do rio Descoberto é responsável por 96% da produção do sistema Descoberto, sendo o principal manancial de abastecimento do Distrito Federal e responsável pelo abastecimento de 60% de sua população. No mapeamento do uso e ocupação do solo, na área de estudo da bacia do Descoberto (Unidade Hidrográfica (UH) 16, UH 26 e UH 33), constatou-se 78% (28.383 ha) são antropizados e somente 22% (7.996 ha) são áreas naturais. Os cultivos agrícolas somam 37% (13.517 ha) e as áreas urbanizadas 6% (2.063 ha). Por sua vez, a bacia hidrográfica do rio Paranoá faz parte da bacia do rio Paraná e está localizada na porção central do Distrito Federal, possuindo a maior ocupação humana da Capital Federal. É a bacia do DF mais protegida por unidades de conservação. Destaca-se que é também uma das mais comprometidas em relação à disponibilidade hídrica (SEMA-DF, 2017). Essa bacia abrange o maior número de regiões administrativas, abrigando a sede político-administrativa do país e o Lago Paranoá. O Lago Paranoá é um reservatório artificial formado por quatro redes de drenagens principais além do rio Paranoá, que são: ribeirão Bananal, ribeirão Torto, ribeirão do Gama e ribeirão Riacho Fundo. As Unidades Hidrográficas da área de estudo na bacia do Paranoá são a UH 09 e UH 13. As atividades antrópicas apresentam a maior parte de ocupação da bacia, em especial a urbanização, sendo o uso agrícola localizado nos limites dela. Apesar da bacia do Paranoá ser ocupada por núcleos com características urbanas, cabe ressaltar que ela abriga também áreas de preservação ambiental de grande importância para o DF tais como o Parque Nacional de Brasília, a APA dos Ribeirões do Gama e Cabeça de Veado e zonas núcleo da Reserva da Biosfera do Cerrado. No mapeamento do uso e ocupação do solo, na área de estudo na bacia do Paranoá (UH09 e UH 13), constatou-se que 73% (39.381 ha) são antropizados e 27% (14.424 ha) são de áreas naturais. Os cultivos agrícolas somam 5% (2.448 ha) e as áreas urbanizadas 32% (17.064 ha).
Nas localidades da bacia do Paranoá há bairros de classe média e classe média alta do DF, assim, a maioria dos beneficiários possuem caseiros e pessoas contratadas especificamente para cuidar das áreas, além de terem condições financeiras de comprar insumos e ferramentas adequadas. Os moradores da bacia do Descoberto são em sua maioria assentados de reforma agrária, e são eles mesmos os próprios agricultores, possuindo outras áreas de produção que lhes demandam tempo, energia e garantem o seu sustento.

Benefícios

Sociais

Espera-se que as áreas recuperadas ofereçam locais de contemplação da natureza, também que possam vir a oferecer recursos medicinais, alimentos, proteção à erosão e assoreamento. De outra feita, os resultados positivos do projeto poderão ensejar que estimulem aos vizinhos e comunidades dos beneficiários que também realizem plantios de recuperação e/ou ampliação da proteção às suas APP.

Ambientais

Os plantios realizados devem oferecer aos beneficiários coberturas vegetais capazes de promover a interceptação e ampliar a proteção dos solos (ação de evitar a degradação direta das gotas de chuva; ampliação da microbiota no solo; manutenção da umidade por mais tempo no solo). São efeitos dos plantios para as propriedades: diminuição da contribuição ao assoreamento dos cursos de água; com a presença e aumento das raízes de espécies arbóreas e do aumento da matéria orgânica em decomposição, se mantêm a estrutura do solo, permitindo os fluxos de ar e água na matriz do solo. Será esta água que recarregará os lençóis subterrâneos e fluirá para os rios com pouco ou nenhum sedimento, gerando maior disponibilidade do recurso ao ambiente e para os usos antrópicos. Nesse sentido, recuperando o fluxo de água nas nascentes antes, degradadas.

Econômicos

Foram plantadas espécies de Cerrado com aproveitamento comercial, como é o caso do baru (Dipteryx alata), pequi (Caryocar brasiliense), mutamba (Guazuma ulmifolia), aroeira rosa (Schinus terebinthifolius), entre outras. O objetivo desse plantio é que os beneficiários possam comercializar os produtos in natura, ou ainda agregar valor a eles (conservas, doces, biscoitos etc.). A remuneração advinda da comercialização dos produtos nativos tem como consequência aumento da renda familiar, propiciando um cuidado maior com essas espécies e consequentemente a preservação de seus indivíduos. Assim, tem-se a expectativa que as áreas sejam mantidas pelos beneficiários e ainda que utilizem os plantios para extrativismo não madeireiro. A utilização de produtos in natura ou com valor agregado pode gerar um incremento na renda familiar, o que resulta em estímulo para aumento da área recuperada, bem como na manutenção daquelas já trabalhadas.

Emissão de GEE (Gases de Efeito Estufa)

Este piloto contribui para a redução da emissão de GEE (Gases de Efeito Estufa)

Justificativa

Informações sobre o processo

36 meses para implementar

60 meses para obter retorno

Em janeiro de 2020 quando se iniciou o projeto-piloto, o DF se encontrava em plena época das chuvas e avançava o contexto da pandemia da COVID 19. É importante contextualizar o projeto Nascentes e a pandemia ocorrida durante seu desenvolvimento. Desse modo, houve a necessidade de adequação das atividades planejadas no projeto em geral, em especial quanto às atividades de mobilização social. Assim, visando o início imediato do projeto, para aproveitar a estação chuvosa, se optou por implementar as ações de recomposição vegetal, no mesmo ano, em dois parques ecológicos na bacia hidrográfica do Paranoá: Parque Ecológico Águas Claras e Parque Ecológico do Riacho Fundo. Após um diagnóstico prévio e a elaboração dos respectivos projetos executivos, foram implantados um total de cerca de 11 hectares (5,65 hectares no Parque Ecológico Águas Claras e 5,47 hectares no Parque Ecológico do Riacho Fundo). DIAGNÓSTICO: ANÁLISE MULTICRITÉRIO (AHP) Para a etapa seguinte do projeto, que envolveria outros 70 hectares de restauração vegetal em APP, fez-se um diagnóstico da área de estudo nas duas bacias -alvo, com objetivo de estabelecer os níveis de prioridade para a recomposição vegetal nativa. A área de estudo envolveu: ● Bacia hidrográfica do rio Descoberto: ✔ UH 33 (Alto Rio Descoberto); ✔ UH 26 (Ribeirão Rodeador); ✔ UH 16 (Ribeirão das Pedras). ● Bacia hidrográfica do rio Paranoá: ✔ UH 9 Lago Paranoá (Serrinha do Paranoá); ✔ UH 13 Riacho Fundo (ARIE Granja do Ipê). Para o estabelecimento dos níveis de prioridade, foi realizada uma avaliação multicritério Analytic Hierarchy Process (AHP), cujos indicadores e componentes ambientais foram ranqueados com base em princípios legais, administrativos, científicos, sociais e gerenciais. O objetivo do uso da ferramenta neste projeto foi auxiliar a tomada de decisão em um contexto que envolveu informações complexas, sendo, portanto, fundamental a sistematização das respostas obtidas. Destaca-se que esta metodologia é inovadora para este fim e contribui para a característica deste projeto-piloto. A ferramenta utilizada para o processamento dos parâmetros trabalhados e proposição das áreas foi o Sistema de Informações Geográficas e Meio Ambiente (SIGMA). Inicialmente, foram estabelecidos os ‘Componentes Ambientais para Recomposição Vegetal’, considerados como relevantes para a determinação da prioridade ambiental para recomposição vegetal das áreas: ⮚ Uso do solo; ⮚ Tipo de vegetação; ⮚ Áreas protegidas; ⮚ Solos; ⮚ Estrutura fundiária; ⮚ Riscos ecológicos. Também foram estabelecidos os Componentes Ambientais para Produção de Água: ⮚ Morfologia – Fator LS; ⮚ Feições erosivas; ⮚ Favorabilidade hidrogeológica; ⮚ Outorgas superficiais e subterrâneas; ⮚ Pluviometria. Por fim, descrita a Estrutura Fundiária como: ⮚ Pequena ⮚ Média ⮚ Grande Após a determinação dos temas e subtemas, foram escolhidos 19 especialistas; desses, 16 retornaram com as respostas solicitadas, os quais preencheram formulário próprio visando definir os pesos dos critérios e subcritérios. Foram utilizados na metodologia com 10 critérios e 47 subcritérios. Da lista dos critérios e subcritérios que foram utilizados, onde cada especialista avaliou entre as opções “muito baixa”, “baixa”, “moderada”, “alta” e “muito alta”, qual deveria ser a prioridade de cada componente na recomposição vegetal das áreas. É importante ressaltar que a “Estrutura Fundiária” compôs o resultado final, cruzando-se com o resultado obtido na AHP, com objetivo de priorizar as pequenas propriedades rurais no trabalho, inserindo um viés social nos critérios utilizados. Assim, de posse dos resultados aferidos na AHP, foram realizadas operações de “cruzamento espacial” para refinar o produto gerado. Fez-se avaliação dos resultados à luz das dimensões espaciais das áreas associadas às pequenas propriedades (< 4 módulos fiscais), a partir das bases disponíveis do INCRA (SIGEF – Sistema de Gestão Fundiária; o Sistema Nacional de Certificação de Imóveis (SNCI) e do Cadastro Ambiental Rural (CAR). O resultado da AHP foi materializado em um mapa com cinco níveis de prioridade: muito baixa, baixa, moderada, alta e muito alta. O resultado das análises demonstrou que havia cerca de 2.000 propriedades e um total de aproximadamente 10.700 ha com áreas em prioridade alta e muito alta, os quais poderiam fazer parte do Projeto Nascentes. Após o mapeamento da priorização das áreas e com base nos resultados encontrados, fez-se contato com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (EMATER-DF), Administração do Lago Norte e outros parceiros da SEMA-DF para a indicação pontual dos possíveis beneficiários. Após a realização da análise multicritério foram incluídas áreas da sub-bacia do córrego do Urubu. As áreas indicadas eram visitadas, com o objetivo de verificar sua situação ambiental, bem como de elaborar um documento para submissão e aprovação. Esses documentos continham um diagnóstico sucinto dos locais a serem trabalhados, bem como sua classificação conforme a AHP. As áreas escolhidas deveriam ter as seguintes características: classificação de muito alta e alta prioridade conforme a análise multicritério – AHP; pequenas propriedades classificadas como prioridade muito alta e alta. Porém, em decorrência da visita in loco a outros locais, verificou-se a importância da recomposição de APPs em áreas classificadas como moderada, baixa e muito baixa prioridade, em função principalmente de potenciais processos erosivos e de assoreamento na beira dos cursos hídricos e nascentes, resultantes de usos a montante. Devido à escala de mapeamento, na visita in loco constatou-se áreas com características prioritárias que foram classificadas como prioridade média, baixa e muito baixa, e, portanto, deveriam ser recuperadas. As áreas selecionadas foram novamente visitadas para elaboração dos projetos executivos, juntamente com os respectivos proprietários, ocasião em que eram discutidas as possíveis técnicas a serem implantadas e as obrigações dos beneficiários. Por fim, procedeu-se à assinatura dos Termos de Adesão nos meses de dezembro a fevereiro de 2021, sendo que as estratégias e as técnicas utilizadas foram definidas caso a caso em cada propriedade a ser trabalhada, bem como articuladas junto aos beneficiários e materializadas nos respectivos Projetos Executivos. IMPLANTAÇÃO DAS TÉCNICAS DE RECOMPOSIÇÃO VEGETAL NATIVA Para a implantação das técnicas de recomposição nas áreas, foram utilizadas as técnicas e metodologias praticadas no DF, conforme Decreto n° 37.931/2016 e Instrução IBRAM n°723/2017. As técnicas de recomposição vegetal implantadas foram: plantio de mudas em área total, nucleação, plantio de sementes nativas, enriquecimento, condução da regeneração natural e sistema agroflorestal, sendo ao todo plantadas, por mudas, mais de 90 diferentes espécies nativas do Cerrado. O quantitativo final de mudas plantadas, por ocasião da implantação, no Projeto Nascentes foi de 61.302 mudas: Com relação ao plantio de sementes nativas, este foi realizado de forma manual e sempre como complemento ao plantio de mudas em área total. Ao todo foram plantados cerca de 90 kg de sementes de 29 diferentes espécies. MANUTENÇÃO Foram realizadas campanhas de manutenção nas áreas implantadas no início da época da seca e no início da época das chuvas em todas as áreas implantadas. Os beneficiários foram avisados com antecedência e acompanharam as atividades no campo. As ações de manutenção consistiram em: • Coroamento das mudas: o coroamento teve como objetivo remover por completo as gramíneas exóticas presentes no entorno da muda plantada • Coroamento dos Poleiros: essa atividade foi realizada em todos os poleiros, tendo o cuidado de preservar a regeneração natural. • Controle químico e físico de formigas: foi realizado quando constatada a existência de formigueiros ativos. Foi realizado também o controle físico, atividade que consistiu na destruição dos formigueiros utilizando enxada. MONITORAMENTO O objetivo do monitoramento das áreas é obter dados que permitam identificar se a vegetação em recomposição segue trajetória desejada de desenvolvimento e indicar ações de preventivas ou corretivas para que isso aconteça. Para o monitoramento e avaliação das áreas de recomposição da vegetação, utilizou-se o roteiro descrito no “Protocolo de Monitoramento da Recomposição da Vegetação Nativa no Distrito Federal” (WWF, 2017). Em complementação ao monitoramento descrito foram realizados voos de RPA (drone) para a obtenção de imagens aéreas. Foram instaladas parcelas permanentes (dimensão de 25 x 4 metros) e transectos (25 metros lineares no centro da parcela) que abrangeram todo o polígono alvo do plantio e suas variações ambientais. Nos transectos alocados sobre remanescentes savânicos, foi considerado o toque da vara em classes: lenhosa nativa, capim nativo, planta exótica e solo sem vegetação. Os beneficiários também acompanharam as atividades de monitoramento nas áreas, observando a identificação das espécies e as mensurações necessárias. REPLANTIO Com base nos resultados dos monitoramentos, foram realizados dois ciclos de replantios nas áreas trabalhadas, em um total de cerca 15% das mudas plantadas por ocasião da implantação das técnicas de recomposição vegetal em 2021; em 2022, houve um terceiro ciclo de replantio. O quantitativo final de mudas replantadas no Projeto Nascentes foi de 15.030 mudas (cerca de 25% da totalidade das mudas plantadas na implantação): ● Replantio 1: 3.379 mudas; ● Replantio 2: 5.651 mudas; ● Replantio 3: 6.000 mudas. Ao todo foram plantadas 76.332 mudas no plantio e replantios do Projeto Nascentes. MOBILIZAÇÃO SOCIAL Em virtude do contexto de pandemia da covid-19 e do consequente impedimento de aglomerações, optou-se por realizar as ações de mobilização social em pequenos grupos ou individualmente. Os pequenos grupos foram formados pela proximidade geográfica e, para aqueles beneficiários mais isolados ou com dificuldade de locomoção, fez-se uma abordagem individual. O conteúdo tratado nos eventos incluiu também a sensibilização quanto aos benefícios socioambientais do projeto. Foram recordadas e descritas as atividades de manutenção realizadas pela empresa Equilíbrio Ambiental durante todo o processo, as quais deverão ser executadas pelos proprietários após a finalização do contratual entre o CGEE e a empresa. Destaca-se a importância do Programa de Regularização Ambiental (PRA), bem como foram realizadas avaliações do projeto por meio de cinco temas principais: mobilização, técnicas de plantio, manutenção, monitoramento e projeto de modo geral. Por ocasião das ações de mobilização social na fase final do projeto, foi realizada uma avaliação, desta vez em grupos maiores, em decorrência da vacinação da população com relação à Covid-19. Os trabalhos de plantio, manutenção e monitoramento foram realizados somente com a participação do beneficiário e seus familiares moradores na propriedade, sem a promoção de mutirões ou de grandes grupos. A participação dos beneficiários foi estimulada em todas as etapas do projeto: elaboração do projeto executivo, plantio, manutenção, monitoramento, bem como para as oficinas de avaliação. CARTILHA INSTITUCIONAL A distribuição de cartilhas é uma ferramenta utilizada para a promoção do ensino-aprendizagem sobre temas relacionados à educação ambiental. As cartilhas são instrumentos utilizados para repassar informações ao público-alvo, geralmente em campanhas de divulgação utilizando textos didáticos e informativos. Desse modo, foi elaborada uma cartilha contendo a sistematização das ações do Projeto Nascentes, bem como um passo a passo para a recuperação ambiental de áreas em propriedades rurais, além de divulgar os resultados do Projeto Nascentes aos beneficiários participantes, com vistas a estimular esses agricultores a aumentarem suas áreas de restauração. Espera-se ainda que outros produtores rurais (vizinhos, pessoas da mesma comunidade rural, parentes e amigos etc.) sejam também incentivados a iniciar a restauração ambiental de suas áreas.

Fatores de sucesso

Sociais

Planejamento e envolvimento dos beneficiários.

Ambientais

Alta diversidade pelas mais de 90 espécies nativas plantadas. Há expectativa que nascentes secas voltem a produzir água, oferecendo melhores condições nas propriedades rurais trabalhadas.

Econômicos

Plantio de espécies de interesse econômico. Além disso, as atividades de recuperação de vegetação nativa podem chegar ao custo de até R$30.000,00 por hectare. Nesse sentido, o apoio aos produtores rurais por meio do Projeto CITinova representou um grande fator de sucesso econômico a estes produtores, pois grande parte deles não teria capacidade econômica para realizar a recuperação por meios próprios.

Políticos

A iniciativa representa um fator de sucesso político à medida em que foi possível incentivar e apoiar particulares no cumprimento de diretrizes legais estabelecidas pela Lei de Proteção da Vegetação Nativa. Nesse sentido, a iniciativa vai ao encontro das ações executadas pelo Governo do Distrito Federal para promover a Segurança Hídrica e está em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, especialmente em relação ao ODS 15 - Proteger, restaurar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, travar e reverter a degradação dos solos e travar a perda da biodiversidade. Futuramente, com o crescimento das árvores e replicabilidade do modelo proposto para outros agricultores familiares atingindo novas escalas territoriais, potencializando maior disponibilidade de água para serviços ambientais e irrigação da produção agrícola nas bacias hidrográficas protegidas, haverá fortalecimento das políticas protetivas e de recuperação das bacias hidrográficas do GDF.

Possíveis complicações

Fraquezas do piloto

Falta de manutenção nos plantios. É necessária a manutenção até o estabelecimento da vegetação regenerante.

Ameaças a este projeto

Invasão de espécies exóticas, pisoteio, formigas, fogo no Cerrado e eventualmente, grilagem de terras.

Soluções

Soluções encontradas

Os beneficiários efetivamente darem continuidade aos trabalhos de manutenção, monitoramento e mobilização social até o estabelecimento completo da vegetação.

Adaptabilidade

O modelo dos plantios para recuperação da cobertura vegetal com espécies nativas do Cerrado nas APP das propriedades rurais possui grande potencial de replicabilidade por oferecer condições de relativa facilidade metodológica e resultados eficientes com pouco anos dos plantios realizados. À medida que as árvores cresçam, também passam a oferecer as sementes e frutos que também podem baratear os custos de implementação a partir de mudas produzidas pelos próprios agricultores, por exemplo.

Contribuição para políticas públicas

Com o crescimento da adesão pelos agricultores familiares de práticas de recuperação das APP nas propriedades, vai contribuir substancialmente para as atividades dos órgãos de execução das políticas ambientais como o Instituto Brasília Ambiental e o IBAMA, além de ampliarem a regulamentação das áreas, poderem participar de programas de pagamento de serviços ambientais, diminuição de parcelamentos do solo ilegais.

Referências e contatos da informação

  • Coordenadora do Corredor Verde
  • Pierre-André Martin - Embya - Paisagens e Ecossistemas - empresa responsável pelo projeto paisagístico

Anexos

  • Anexo 10_Tabelas e Figuras Resultados Template Estabilização de Metais no Solo.docx

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  • Anexo 08_Tabela 4 Template de Fitorremediação Exp 01.pdf

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