Foram realizadas as atividades de: (i) preparo do terreno; (ii) combate às formigas cortadeiras; (iii) espaçamento e alinhamento das plantas; (iv) coveamento e coroamento; (v) adubação; (vi) seleção fitossanitária e distribuição das mudas; (vii) proteção e tutoramento das mudas; (viii) especificações técnicas do plantio; e (ix) especificações técnicas de manutenção. Em dois polígonos localizados no interior do Parque, foi realizada a queimada da palhada formada em função da limpeza do terreno, por meio da técnica de Manejo Integrado do Fogo (MIF).
Um dos fatores de maior importância no processo de revegetação foi a escolha de espécies adequadas às condições locais, refletindo na sobrevivência do plantio e no seu incremento em biomassa e altura. A escolha das espécies para o plantio visou atender a requisitos como: adequação ao clima e solo local; estarem presentes em fragmentos próximos ou remanescentes na área; serem espécies nativas; possuírem plasticidade fenotípica; pertencerem a diferentes grupos ecológicos; terem viabilidade de produção ou aquisição; serem atrativas à fauna; e apresentarem potencial paisagístico.
Portanto, as espécies foram escolhidas com base em inventários ou levantamento rápido realizados na região, ou com base em bibliografia especializada, e foi levado em conta a disponibilidade de mudas nos viveiros da região, sempre buscando contemplar a diversidade de espécies no local a ser recomposto.
Nas áreas com maior presença de capim, foi priorizado o plantio de espécies de crescimento rápido, que possam em tempo hábil superar o sombreamento provocado pelo capim exótico. Nas áreas com regeneração de herbáceas e espécies arbóreo-arbustivas, prevaleceu o plantio de espécies em diferenciadas categorias sucessionais. Nas áreas que possuem incidência de regeneração natural, a condução da regeneração foi realizada por meio da capina seletiva ao redor das plantas e a incorporação de restos vegetais em seu raio de enraizamento.
Área 1
Trecho contemplado – 4,07 ha
Técnicas adotadas: condução da regeneração natural de espécies nativas; erradicação de gramíneas invasoras; plantio de espécies nativas; e plantio de espécies nativas conjugado com a regeneração natural.
N° de mudas – 3.092 mudas
Terreno mecanizável (%) – 50% (trator leve)
Área 2
Trecho contemplado – 6,04 ha
Técnicas adotadas – plantio de mudas nativas
N° de mudas – 3.074 mudas
Terreno mecanizável (%) – 70% (trator leve)
Preparo do terreno e do solo
1) O preparo do solo pode ser definido como o conjunto de operações que antecedem ao plantio, com o objetivo de alterar algumas das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, reduzir plantas oportunistas, proporcionar condições edáficas adequadas para receber as mudas e as sementes, favorecer o estabelecimento e o crescimento inicial das plantas.
2) 1) A primeira atividade foi a limpeza da área, para fins de deslocamento dos funcionários e das máquinas, no preparo do terreno.
3) 2) Foram eliminadas as árvores mortas e as exóticas oportunistas, removidos os tocos e revolvida a terra.
4) 3) As espécies exóticas invasoras indesejáveis foram capinadas ou roçadas em área total. Exemplares arbóreos, as mudas nativas existentes e o material orgânico foram mantidos e preservados. Todo material da capina foi depositado no solo, o que possibilitou obter os benefícios das boas práticas de uso do solo (cobertura edáfica com consequente redução de processos erosivos), a ciclagem dos nutrientes, e o aumento do potencial de regeneração natural, entre outros benefícios. As espécies invasoras de capins, como braquiária e outras ervas daninhas (incluindo raízes), foram roçadas e eliminadas da área de coroamentos (ver item manutenção).
5) Nos locais de plantio de mudas, foram abertos os berços de forma mecanizada (trator com broca perfuradora), ou com uso da ferramenta boca de lobo, (item coveamento e coroamento).
Combate às formigas
6) O combate às formigas cortadeiras foi realizado em área total. Esses insetos são predadores das mudas nativas e agem logo depois das plantas serem inseridas nas áreas degradadas. O grau de ameaça está relacionado com o déficit de cobertura vegetal viva, cobertura edáfica (serapilheira), e matéria orgânica incorporada ao solo.
7) No período prévio ao plantio a área e as adjacências foram inspecionadas na procura de olheiros ativos (entrada de formigueiros), trilhas (caminhos) e exércitos (formigas em atividades de colheita). Foi dada prioridade para inspeções no período de maior atividade das formigas: no início do dia e ou ao entardecer.
8) Constatada a presença de formigas cortadeiras, foi necessário utilizar iscas granuladas ou formicidas em pó (fumigadores), antes do plantio.
9) Os formicidas utilizados são certificados como orgânicos e o mercado apresenta várias marcas e tipos de materiais que cumprem com as funções aqui designadas.
10) A correta aplicação e o monitoramento foram atividades decisivas para o êxito do plantio, isso gera economia nas etapas de manutenção (diminuição dos replantios) e necessita de continuidade.
11) O controle e o combate às formigas deverão ser realizados sempre que houver a formação de novos olheiros ou sempre que diagnosticada a ação dos insetos, nas áreas em recuperação.
Espaçamento e alinhamento das plantas
12) Em áreas com predomínio de espécies exóticas oportunistas e com baixo potencial de regeneração da vegetação nativa, foram utilizados plantios de mudas em área total, ordenadas em linhas para facilitar as ações de manutenção mecanizada.
13) As linhas foram orientadas em nível topográfico do terreno (curvas de nível), e espaçadas de 4 em 4 metros, com variação de espaçamento dentro das linhas. O espaçamento padrão entre mudas dentro das linhas foi de 2 metros (4m x 2m = 8m²), mas em alguns casos variou para 4 x 1m (4 m²) e 4 x 3m (12 m²), conforme a intensidade da regeneração dos micro sítios do terreno.
14) Nos locais onde ocorreu plantios consolidados ou vegetação nativa remanescente, foi realizada a condução da regeneração natural e o enriquecimento com mudas, sem espaçamentos pré-definidos, distribuídas nos espaços falhos, clareiras.
15) É necessário o replantio nos locais das mudas danificadas ou mortas, para reduzir as falhas e aumentar o sucesso da cobertura vegetal. Destaca-se que, na medida do possível, os espaços/fragmentos residuais serão unificados com o plantio, na tentativa de formar áreas e corredores de dimensões mais expressivas, fornecendo a dinâmica ecológica (principalmente interações com avifauna) na área.
16) O coordenador de plantio sinalizou a distribuição das espécies e os locais de abertura dos berços, com uso de estacas e marcação com pincel e tinta branca (cal virgem). Esta etapa é fundamental para o ordenamento do plantio e foi realizada com acompanhamento do responsável técnico.
Preparo dos berços (coveamento) e coroamento
17) Nos locais de plantio de mudas, foi realizado primeiro o coroamento, retirada das espécies oportunistas (capins e ervas), para evitar a competição aérea e radicular no início do estabelecimento de mudas e plântulas.
18) O coroamento foi realizado num raio de 60 cm do centro para a borda da cova, deixando totalmente sem plantas a área no entorno da muda, de maneira a favorecer as raízes das mudas plantadas, e eliminar processo de matocompetição.
19) Após os plantios, a área do coroamento foi preenchida com material orgânico (coroa de mulch formado por serragem grossa, restos de folhas e galhos finos triturados).
20) Os coroamentos devem ser realizados durante todo o período de manutenção dos plantios (ver item manutenções), se necessário.
21) Os coroamentos foram realizados em função do modelo utilizado (4x2m, 4x3m e 4x4m), com dimensões mínimas de 40cm x 40cm de profundidade.
22) O preparo dos berços foi realizado de forma mecanizada (trator com broca e motoperfuradores) e manualmente por meio da ferramenta boca de lobo.
23) No momento do plantio da muda foi orientada a inversão da terra de fundo da cova com a terra de superfície. Houve o cuidado de separar os primeiros 20 cm de camada de terra do restante.
24) Os fertilizantes, esterco e demais substratos foram misturados à camada superior do solo retirada da cova, para induzir o aprofundamento das raízes.
25) Foi verificado que o solo das paredes dos berços não apresentou processo de vitrificação (alto grau de compactação). Nestes casos, seria necessário o usado de alavanca pontiaguda para descompactar as paredes das covas. A descompactação do solo dos berços facilita o enraizamento das mudas.
26) Os berços foram preparados antes do plantio das mudas e fechados logo após sua abertura. Em seguida, foi realizado o estaqueamento ao centro
Adubação
27) Nos locais com plantio de mudas, os berços foram adubados com:
28) 150 g de calcário dolomítico salpicado na parede dos berços, exceto para as espécies com restrição ao uso de adubos (espécies nativas de formações savânicas, adaptadas aos solos de baixa fertilidade e alta concentração de alumínio e ferro);
29) 3 litros de esterco orgânico curtido.
30) 200 g de NPK 4-14-8;
31) 100 g de Yoorim
32) Restos de podas trituradas.
33) Nota 1: Algumas espécies nativas do Cerrado apresentaram restrições à correção química do solo, sendo necessárias estratégias diferenciadas para a implantação e a manutenção dessas áreas. “Várias plantas absorvem quantidades significativas de alumínio e ao atingir uma quantidade são consideradas acumuladoras de alumínio. São conhecidas 45 famílias botânicas que apresentam espécies acumuladoras de alumínio” (Haridasan, 2006). “Como exemplo, no Cerrado são acumuladoras as espécies da família Vochysiaceae, Qualea grandiflora, Q. parviflora, Q. multiflora, Vochysia thyrsoidea e V. elliptica, além de algumas espécies da família Melastomataceae, Miconia ferruginata, M. pohliana e M. albicans.” (Haridasan, 2006)
34) Nota 2: Não foi utilizado calcário dolomítico em áreas com espécies nativas acumuladoras de alumínio, como as citadas acima. Recomenda-se que o plantio em áreas com espécies nativas remanescentes seja feito sem correção do solo por meio de adubação química (NPK, calcário dolomítico), utilizando-se, em contrapartida, maior quantidade de esterco curtido ou húmus de minhoca substituindo outros insumos e a mesma quantidade de torta de mamona e farinha de osso.
Seleção fitossanitária e distribuição das mudas e/ou sementes
35) As mudas distribuídas nos plantios foram atestadas em suas condições de desenvolvimento e sanidade, tendo sido previamente aclimatadas em ambientes de rustificação prévia por, ao menos, 10 dias. No entanto, algumas sofreram durante o transporte do viveiro às áreas do plantio. Estas mudas foram descartadas e retornaram aos viveiros.
36) A distribuição seguiu o ritmo de plantio diário, para que não sobrassem mudas efetivamente plantadas de um dia para o outro. Destaca-se que algumas mudas e adubos foram retirados pelos moradores causando prejuízos consideráveis. Deve estar condicionada às condições meteorológicas da região. O plantio deve ser realizado durante ou imediatamente após dias chuvosos, porém, se necessário e possível, será admitido o emprego de irrigação.
Especificações técnicas do plantio
37) Os procedimentos para o plantio de mudas foram:
38) Retirada do recipiente sem destruir o torrão.
39) Inserção da planta na cova preparada, sobre pequena porção de terra fertilizada e, com o restante da mistura de gel hidro-retentor, com cobertura total do torrão e ajuste da terra ao redor dele. Deixar o colo da muda rente à superfície do solo, com o torrão original recoberto com pequena camada de terra;
40) Foi realizada uma rega abundante, logo após o plantio, para eliminar bolsões de ar existentes. Isso facilita o contato da raiz com o solo, que deverá ficar encharcado e úmido com a ativação do gel;
41) Deverá ser prevista a rega abundante no plantio: rega diária na primeira semana de plantio, conforme especificação do Responsável Técnico (Coordenador de plantio). Em situação de veranicos, deverá ser prevista a rega por um período de 45 dias, pelo menos 2 (duas) vezes por semana.
Proteção e tutoramento das mudas e das plântulas
42) Houve a necessidade de aplicação de medidas de proteção às mudas, para evitar danificação durante as atividades de manutenção. Nesse caso, a medida utilizada foi:
43) As árvores receberam tutores de madeira (1 m de altura e 2 cm de diâmetro), com amarrio em forma de 8, para conduzir o crescimento até que o enraizamento e fixação no solo.
Especificações técnicas de manutenção
44) A etapa da manutenção deverá contemplar as seguintes atividades:
45) Coroamento em cada muda ou plântula, com raio de 60 cm de distância da muda;
46) Monitoramento quinzenal de formigas e outros tipos de predadores;
47) Realizar aplicações de fitossanitário líquido;
48) A partir de orientação técnica, poderá haver irrigação das áreas plantadas durante o período pós-plantio, caso exista necessidade;
49) As áreas do plantio devem ser roçadas semestralmente, para impedir a matocompetição (verificar no cronograma executivo);
50) Os replantios visam a melhor ocupação da área em recuperação. Quarenta dias após o plantio, as linhas serão avaliadas para a substituição das plantas danificadas ou mortas, seguindo os mesmos procedimentos definidos para o plantio.
51) Deve-se ressaltar a importância da adaptação da espécie ao solo e ao clima. Caso seja detectada má formação e, consequentemente má adaptação de determinadas espécies nas áreas de plantio, elas serão substituídas por outras de maior adaptabilidade.
52) O replantio deverá ser previsto para até 30% das mudas plantadas. Destaca-se a importância de se realizar todas as atividades prescritas.
Controle de formigas e pragas
Formigas representam o principal predador em plantios florestais, limitando o sucesso do plantio e causando elevadas taxas de mortalidade das mudas. O controle das mesmas iniciou-se antes do plantio, através da identificação de olheiros e aplicação de iscas formicidas a trinta centímetros dos trilheiros. Esta operação deve ser efetuada com continuidade e antes do período chuvoso, a partir de iscas orgânicas, para potencializar o seu efeito. A sua aplicação é permitida em unidades de conservação, desde que observadas as instruções de uso.
Controle de espécies exóticas invasoras
Em dois polígonos do Parque, onde havia grande quantidade de capim exótico, foi necessária a roçagem e posterior queima da palhada utilizando técnicas de manejo integrado do fogo. Esta ação contou com a participação de brigadistas de combate à incêndios do ICMBio, sob a coordenação do IBRAM.
Nos demais polígonos no interior do Parque foi realizado o controle do capim exótico, por meio de capina seletiva e coroamento individual das mudas, com incorporação da palhada sobre o solo.
Roçagem
As roçagens foram realizadas antes do plantio, para a condução da regeneração e para controlar o capim, que impediria o bom desenvolvimento das mudas nas ruas e nas linhas de plantio. A roçagem foi realizada, conforme as imagens a seguir, com auxílio de roçadeira costal, de forma seletiva, a fim de evitar a remoção da vegetação natural em regeneração. Nas áreas livres foi utilizado o trator com roçadeira mecânica.
Coroamento
O coroamento consistiu na remoção de toda a vegetação em um raio de 50 cm a partir do colo das mudas (imagem abaixo). Essa atividade foi realizada manualmente, com o uso de enxadas. Na fase de manutenção dos plantios, os coroamentos devem ser feitos com extremo cuidado para não danificar as mudas.
Preparo dos Berços (Coveamento)
Berços (covas) com maior volume e com maiores concentrações de nutrientes proporcionam um ambiente edáfico mais apropriado para o desenvolvimento de espécies perenes, proporcionando maior desenvolvimento radicular e, consequentemente, maior crescimento da parte aérea da planta.
Em pequenas áreas ou no caso de terrenos com sensibilidade ambiental relevante, ou com a presença de vegetação natural remanescente, a abertura de covas foi feita de forma manual ou semimecanizada. O tamanho padrão das covas é de 0,3 m. x 0,4 m. (diâmetro x profundidade). As imagens abaixo mostram aspectos do coveamento.
Adubação
A técnica escolhida para maior parte da correção nutricional dos solos presentes nos berços (covas) de acomodação das mudas é a adubação orgânica. Foi utilizado prioritariamente o composto orgânico e o esterco curtido de animais. Essa tomada de decisão foi baseada no potencial de influência que os compostos orgânicos exercem sobre a constituição física, química e biológica dos solos. A adubação com o uso de esterco de animais e a torta de mamona realiza importante papel de melhoramento das condições para o desenvolvimento das mudas através da disponibilização de matéria orgânica, gerando grande influência sobre a agregação e estabilidade das partículas do solo e na redução das perdas de solo e água por erosão. Os métodos, as doses e as épocas de incorporação de adubos no plantio devem ser bastante criteriosos para garantir o bom crescimento e qualidade das mudas, sem causar mortalidade e perda na qualidade das mesmas por motivo de intoxicação ou fermentação. Por isso, foi utilizada no plantio a quantidade mínima de 5 litros de adubo orgânico para cada cova, incorporados manualmente.
Após o plantio das mudas, procedeu-se a colocação de cobertura vegetal, palhadas ou resíduos de folhas em forma de coroa, para a manutenção da cobertura do solo e da umidade em volta das mudas. Os resíduos das atividades de roçada e coroamento foram dispostos ao redor das mudas, oferecendo proteção à perda de umidade do solo e minimização da rebrota de vegetação competidora. Adicionalmente, foram incorporados ao redor das mudas material orgânico de restos de podas e ramos triturados.
Aplicação de Hidrogel
Uma vez que os plantios foram feitos no início da estação seca, foi necessária a aplicação de hidrogel nos berços para garantir o fornecimento de água para as mudas com vistas a passar o período de estiagem. As imagens a seguir mostram o hidrogel sendo preparado e sua aplicação.
Tutoramento
O tutoramento das plantas foi realizado com estacas de 1 metro de altura, para mudas muito grandes ou na ocorrência de ventos fortes não acarretar dano as plantas, como medida de proteção. Além disso, facilita a visualização das mudas em áreas com presença de gramíneas invasoras, na época de manutenção.