Artigo Estudos de Caso

CUBO - Residência de Bambu Projetado

Metodologia

Ambiente Construído

Sistemas Construtivos em Bambu

Filipinas

Manila()

O modelo de residência inovador chamado CUBO foi desenvolvido em Manila, capital das Filipinas, pelo engenheiro de ciência de materiais Earl Patrick Forlales e está com pedido de patente em andamento (CUBO® Modular System). A solução desenvolvida por Forlales une inovação, sustentabilidade e alternativa para carência de moradias populares enfrentada pelas áreas urbanas e rurais modernas. A residência é multifamiliar, modular, expansível e de baixo custo, pode ser montada em quatro horas e as peças são fabricadas externamente num período de sete dias. As casas podem ser unidas para que os residentes possam usar em comum a cozinha, sala de jantar, banheiros, lavanderias ou escritórios comunitários e formar um senso de comunidade. Esta é a primeira construção de bambu projetado ou engenheirado que é feita no mundo, quer dizer, o bambu é tratado e laminado, de forma que seu ciclo de vida é 10 vezes maior que o tradicional e todos os resíduos da obra são aproveitados para produzir biomassa carbonizada ou biocarvão. A população filipina conhece o bambu e as construções feitas de bambu há muito tempo, isto não é novo para a população, mas o bambu projetado que tem uma durabilidade muito maior, é mais resistente e vem ganhando força como um material de construção bonito e durável, ainda é pouco conhecido. Em termos de resiliência, a natureza fibrosa e a força inerente do bambu o tornam um material resistente a terremotos, portanto, adequado ao contexto filipino, que é frequentemente inundado por desastres naturais. A construção apresenta um telhado inclinado que funciona como um toldo para captar a água da chuva que é armazenada e tratada para uso posterior e os banheiros são tratados com biodigestor e a construção é elevada por meio de palafitas para não sofrer com inundações e umidade. Outro aspecto que é explorado na construção é o sombreamento e a ventilação cruzada que garantem conforto térmico e saúde para os moradores. É uma solução de baixo custo, além de proporcionar moradias dignas em áreas próximas aos locais de trabalho e centros comerciais. Em 2018, o criador do modelo de residência inovador recebeu o prêmio da Royal Institution of Chartered Surveyors (RICS) da Grã-Bretanha pelo uso de material sustentável de baixo custo e pela velocidade com que a casa pode ser construída.

Custo para Implementação

De cinco a cinquenta mil reais

O projeto de Earl Patrick Forlales demora quatro horas para ser construído e custa apenas 50 libras (R$ 300) por metro quadrado, o que o torna muito acessível. Isso porque o método de construção adotado é aquele em que as peças são montadas em uma fábrica e enviadas prontas para utilização na obra.

Desafios

  • O bambu é um material que libera 35% mais oxigênio do que as árvores e pode ser cultivado em terras de baixa qualidade e colhido anualmente sem levar à degradação do solo. A casa pode ser montada em até quatro horas pela equipe de instalação ao chegar no local, sem a necessidade de maquinários pesados. Com isso minimiza a pegada de carbono.

Motivação

“As cidades do mundo estão crescendo o tempo todo e há uma necessidade real de garantir que sejam lugares seguros, limpos e confortáveis para viver para as gerações futuras” (HUGHES, 2018). John Hughes é o juiz principal da competição e presidente do Royal Institution of Chartered Surveyors (RICS) da Grã-Bretanha. Manila é uma das megacidades que mais crescem no leste da Ásia e leva muitos a viverem em favelas e atualmente, um terço da população da cidade vive em favelas. Os excessos trazidos pelos assentamentos informais - que incluem doenças e desnutrição severa - afligem os residentes que vivem em caixas de pólvora (podem ser explodidas a qualquer momento, pelo perigo de incêndios domésticos) cobertas com chapas de ferro galvanizado, favelas insalubres que vão sendo construídas em edifícios, armazéns e terrenos abandonados. A rebelião e conflitos são nutridos nesses lugares, e as necessidades básicas, como comida, bebida e abrigo adequado, são deixadas desatendidas. O projeto do Forlales - denominado 'CUBO' - poderia ser uma alternativa para abrigar a população de trabalhadores que chega à cidade grande e não tem onde morar.

Contexto

Manila é a segunda cidade mais populosa das Filipinas e de acordo com o World Urbanization Prospects (2020) com uma população de 13.923.452 e a cidade mais densamente povoada do mundo com 42.857 pessoas por quilômetro quadrado. Essa concentração de pessoas foi provocada por uma constante migração rural-urbana. Manila é um importante centro de comércio e a base industrial da cidade tem se incrementado nas décadas recentes para incluir produtos têxtis, publicações diversas, gráficas, comida processada, e a manufatura de tabaco, pinturas, produtos medicinais, óleos, sabão e madeira. Cerca de 60.000 estabelecimentos operam na cidade (MACAPAGAL, 2017). Existem 3,1 milhões de desabrigados vivendo em Manila, a cidade tem a maior população de desabrigados do mundo, de acordo com o estudo do Banco Mundial e da UNICEF. Manila ainda abriga um décimo dos moradores de favelas do país. Existem favelas espalhadas por todas as 526 comunidades de Manila, incluindo a favela Happyland, uma área de Tondo com mais de 12.000 pessoas vivendo em abrigos em torno de um depósito de lixo. Mais de ¾ das casas nas favelas de Manila são consideradas de longo prazo e estão lá por mais de cinco anos, com o assentamento médio durando 19 anos. Isso significa que muitas crianças nascem e são parcialmente criadas em favelas, o que faz com que quase 3,4 milhões de crianças em Manila tenham peso abaixo do normal e crescimento insuficiente (World Statical Data – 2019). Várias políticas governamentais e projetos de reassentamento foram implementados em um esforço para resolver o problema da densidade populacional, mas ainda não atende as necessidades da população carente.