A indústria do cimento, fundamental para a produção de concreto, é responsável por emitir quantidades significativas de dióxido de carbono (CO2), contribuindo de 5 a 7% para as emissões globais. No Brasil, a produção de clínquer, a matéria-prima do cimento, libera aproximadamente 564 kg de CO2 por tonelada. Em meio ao compromisso do país no enfrentamento dos impactos ambientais e da descarbonização, o Concreto de Baixo Impacto Ambiental surge como uma solução que possibilita a implementação de práticas mais sustentáveis na área da construção civil. 

A solução propõe a utilização de matérias-primas não convencionais, a fim de minimizar ou eliminar a necessidade de cimento tradicional, brita e outros materiais altamente poluentes. Alternativas como cinza de bagaço de cana-de-açúcar e resíduos da construção, o concreto de baixo impacto ambiental reduz o consumo de energia, a disposição de resíduos, a emissão de gases poluentes, além de excluir a necessidade de materiais como o amianto, prejudiciais à saúde. 

Em 2021, pesquisadores do Laboratório de Tecnologia dos Aglomerantes (LabTag) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) utilizaram, ao invés do cimento convencional, a escória de alto forno, um resíduo do processo de produção de ferro gusa, combinada com um ativador alcalino. A pesquisa revelou que o novo material não apenas reduz a emissão de CO², mas também demonstra um endurecimento mais rápido e maior ganho de resistência em comparação com o cimento tradicional. 

Além disso, o uso de argila caulinítica e calcário, matérias-primas amplamente disponíveis na região amazônica, foram objetos de estudo do artigo “Produção de cimentos de baixo impacto ambiental: perspectivas para a região Amazônica”, realizado em 2023 por acadêmicos da Universidade Federal do Pará (UFPA). Segundo as análises, essas substâncias apresentam alto potencial para produção de cimentos de elevado desempenho, menor consumo energético e baixa emissão de gás carbônico. 

Assim, com uma redução expressiva no consumo de cimento, essa solução contribui para práticas construtivas mais sustentáveis. Ao substituir o calcário e reduzir a queima do clínquer, o concreto de baixo impacto ambiental proporciona um notável avanço para a descarbonização e, consequentemente, para a mitigação das mudanças climáticas. Ainda, essa abordagem representa um passo em direção à redução do impacto ambiental associado à construção civil.

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Por: Ana Luiza Moraes