Artigo Estudos de Caso

Projeto Piloto para Recuperação Energética do Biogás no Aterro da Muribeca/PE

Metodologia

Saneamento Ambiental - RESÍDUOS SÓLIDOS

Aproveitamento energético do biogás direto em aterros

Brasil

Pernambuco(PE)

Metodologia

A Usina Piloto da Muribeca foi concebida de forma que atendesse às exigências técnicas de instalação dos equipamentos mecânicos e às questões relativas à segurança industrial. Os principais elementos desta usina são: (i) grupo-gerador de 20 kVA, (ii) compressor radial (extrator), (iii) filtro de biogás, (iv) sistema trocador de calor, (v) queimador (flare) do tipo aberto, (vi) medidor volumétrico de biogás e (vii) dispositivos de segurança para tubulações/equipamentos. O sistema de geração de energia utilizado neste estudo é baseado no princípio de indução eletromagnética (geração assíncrona), onde um motor elétrico funciona como um rotor acoplado ao motor alimentado pelo biogás. Quando o motor a biogás é acoplado ao rotor com uma rotação superior a 1.800 rpm (rotação fixa do motor elétrico), a energia elétrica é produzida por indução. À medida que a velocidade de rotação do motor a biogás aumenta, tem-se a elevação da corrente e a produção da energia. A principal vantagem do sistema é que a energia é gerada parametrizada (freqüência e tensão) com a energia da concessionária local, não necessitando de equipamentos/dispositivos para sincronização. Por outro lado, o sistema depende da energia da concessionária haja vista que o motor elétrico é alimentado pela rede pública de energia. É importante ressaltar que a geração de energia ocorre pela queima do CH4 contido no biogás, haja vista que os outros gases existentes na mistura não contribuem com o poder calorífico do combustível. O gerador ou “economizador de energia” foi fornecido pela empresa Trigás e possui uma potência instalada de 20 kVA. O motor à combustão é do fabricante GM, modelo corsa, 1.8, 40 cv a 1800 rpm, 4 cilindros, trifásico, 380 Volts, torque 16 kgf.m a 2800 rpm. O compressor radial é responsável pela aplicação de vácuo na rede de coleta de gás de forma que seja possível extrair com melhor eficiência o biogás do interior da massa de resíduos. Um inversor de freqüência foi instalado no compressor para que o mesmo possa operar com vazões variáveis por meio do ajuste da velocidade de rotação das palhetas do equipamento. As principais características técnicas do compressor são: (i) vazão máxima = 252,0 m3/h; (ii) pressão máxima na descarga = 3.400 mmca; (iii) dados do motor = 4,0 cv, 380 volts, 60 Hz; (iv) dimensões = 37,0 x 39,0 x 40,0 cm (altura) e peso de 41 Kg. O filtro de biogás e o sistema trocador de calor foram instalados à montante do gerador de forma a minimizar a presença de gás sulfídrico (H2S) e a condensação do vapor de água do biogás internamente no motor, respectivamente. O filtro foi construído com tubo de PVC de φ = 200 mm e altura de 1.500 mm. O material de preenchimento do filtro é palha de aço, o qual é capaz de reagir com o H2S produzindo sulfeto de ferro e água. As principais características do trocador de calor são: superfície nominal de 1,20 m2, diâmetro do tubo 3/8” e diâmetro do corpo de 15,2 cm, peso de 37 kg. A circulação de água de resfriamento do gás é garantida por meio de uma bomba submersa de 0,5 cv com reservatório de 500 litros. Na parte externa à usina foi projetado um queimador (flare) do tipo aberto, em aço inox e com dimensões de 0,25 m de diâmetro e 0,60 m de altura colocado sobre um tubo de aço galvanizado de 2,0 m de altura. O mesmo conta com um sistema manual de controle da entrada de O2 e de acionamento automático por um piloto. A função do flare é de queimar o excedente de biogás gerado na Célula. Um selo hidráulico, o qual funciona para evitar eventual retrocesso de chamas do queimador, foi instalado como medida de segurança.

Implementação

Atores

Prefeito do município

Governamental (de cima para baixo)

Diretores da empresa concessionária dos serviços de tratamento dos RSU

Público-Privada

Projetistas e operadores do aterro sanitário

Institucional/Privada

Governança

A opção por uma aterro energético deve ser acompanhada por todos os requisitos técnicos de projeto e caracterização dos resíduos. A governança deste investimento será pelo poder publico municipal ou pela empresa concessionária deste serviço. Em todos os casos devem ser avaliados os custos operacionais e comparados com a tarifas de energia praticadas no local.

Público-alvo

Neste caso o publico atingido é a população da cidade, que terá uma solução para o tratamento dos resíduos ambientalmente adequada, além da empresa concessionária que poderá usufruir da solução para comercializar a energia gerada na unidade e as reduções de emissões de GEE. A apropriação da energia gerada em aterros de resíduos sólidos dependem de acordo contratual prévio entre as partes envolvidas, que já deve estar previsto nos editais de terceirização ou concessão deste serviço.

Elementos de Replicabilidade

Não há maiores limitações de adaptação desta solução a outras centrais de de geração de energia do País. Apenas devem ser observadas em cada caso as quantidades e caracterização do potencial de biogás dos resíduos ao longo de todo o ano. Os aspectos financeiros e de governança devem variar para outras situações, mas não serão impedimentos. Os procedimentos adotados no presente estudo de caso podem ser seguidos e aperfeiçoados. As condições geográficas tendem a influir menos que os aspectos de quantidades e qualidade dos resíduos já mencionados. As alternativas energéticas utilizando soluções inovadoras e de baixo custo podem trazer excelente benefícios ao tratamento de resíduos sólidos urbanos em aterros, incluindo a possibilidade efetiva de reduzir emissões de GEE.