Verdejar Socioambiental – Serra da Misericórdia, Complexo do Alemão, Rio de Janeiro

A prática agroflorestal do Verdejar tem oferecido múltiplos benefícios ecológicos, sociais e econômicos para uma região que é estigmatizada dentro da cidade do Rio de Janeiro. Tudo teve início há 22 anos atrás com a ação de voluntários que começaram a transformar uma área remanescente coberta por capim contígua à favela no Engenho da Rainha, bairro carioca. Plantaram alimentos em sistema agroflorestal, com arborização nativa e frutífera, de modo a conter a expansão ilegal sobre uma área de encosta. Passaram a atuar ativamente para recuperar áreas degradadas com viés agroecológico. O grupo de voluntários acabou se tornando em uma ONG com objetivos principais de implantar e promover agroecologia urbana, com gestão ambiental comunitária, incentivar e disseminar a cultura agroecológica, e ao mesmo tempo cultura e artes. Atualmente possuem o Ponto de Cultura Memória da Misericórdia Luiz Poeta, que foi o fundador e grande inspirador desse coletivo transformador. Nesse processo impediram a ocupação e grilagem das terras, plantaram milhares de mudas que se tornou uma verdadeira floresta em meio às áreas de favela. O ecossistema regenerado oferece numeroso serviços ecossistêmicos para as comunidades, evitando deslizamentos, melhorando o microclima, oferecendo contato direto com a natureza, dentre outros. Recebem moradores e visitantes para mutirões de plantio, diversos eventos culturais e artísticos e de estímulo à experiência vivencial com a natureza, como ver a lua cheia do alto do morro. É uma iniciativa coletiva que atua em rede com outras, resistindo aos diversos governos que já passaram, visando a sustentabilidade com melhoria da qualidade de vida, geração de renda e a resiliência das comunidades por meio da recuperação da natureza e produção de alimentos. O projeto visa também compreender e compartilhar que o tempo da natureza deve ser respeitado, o que fazem de modo permanente e experiencial com o plantio, manejo, colheitas, nutrição orgânica em sua própria cozinha, dentre outras possibilidades exploradas nas mais de duas décadas de existência. Educação ambiental é parte fundamental desse processo, de modo a estimular o senso crítico frente aos desafios locais postos à Serra da Misericórdia e seu entorno, bem como frente a perspectivas globais, atuando também de forma política e social.