Artigo Soluções

PROCESSO ou METODOLOGIA

Cidade compacta: Quarteirão fechado

Cidade compacta: Quarteirão fechado

Ambiente Construído

Acesso à moradia adequada e resiliente

Solução aplicável em:

Ícone cidade de pequeno porte

Cidades de pequeno porte

Ícone cidade de médio porte

Cidades de médio porte

Ícone cidade de grande porte

Cidades de grande porte

Solução aplicável nas regiões:


Nível de maturidade da solução

Ideação e pesquisa


Aplicada em escala piloto


Disponível comercialmente e aplicada


Amplamente disseminada


Tipo de Investimento

Informação indisponível


Emissão de GEE (Gases de Efeito Estufa)

Esta solução contribui para a redução da emissão de GEE (Gases de Efeito Estufa)

Justificativa

A cidade compacta se contrapõe à cidade dispersa ao otimizar os deslocamentos, reduzindo os percursos e favorecendo a mobilidade não motorizada. Com isso, diminui emissões de gases de efeito estufa e melhora a qualidade do ar.


A ideia de uma cidade compacta baseia-se na retomada do tecido urbano em sua forma tradicional, onde o espaço construído predomina sobre o vazio e os principais elementos de configuração urbana são o quarteirão fechado e a rua corredor. Assim, a escolha da ocupação do quarteirão fechado como uma solução sustentável não se resume ao padrão do quarteirão, mas implica na adoção do bloco perimetral com uma altura mínima de térreo mais três pavimentos, a fim de oferecer uma densidade entre média e alta. Baseado em um bloco contínuo ao longo de todo o seu perímetro, esse tipo de ocupação favorece o adensamento construtivo e populacional, mesmo que as alturas sejam fixas. Ademais, o modelo possibilita também uma melhor utilização da rua, uma vez que também incorpora o uso misto. Para tanto, usualmente, o térreo do bloco perimetral é destinado ao comércio, o primeiro pavimento pode receber serviços e os demais pavimentos destinam-se a habitações. A cidade compacta se contrapõe à cidade dispersa ao otimizar os deslocamentos, reduzindo os percursos e favorecendo a mobilidade não motorizada. Com isso, diminui emissões de gases de efeito estufa e melhora a qualidade do ar. Contudo, cumpre ressaltar que pode implicar em menor resiliência a eventos extremos, como a formação de ondas e ilhas de calor, tendo em vista a maior densidade do ambiente construído.

Cidade compacta Cidade dispersa Quarteirão fechado Bloco perimetral inclusão social

O Problema

As implantações modernistas trouxeram avanços no sentido em que propuseram a verticalização das cidades como forma de liberar o plano térreo para as áreas livres. Entretanto, essas implantações trouxeram alguns problemas relacionados à dispersão da malha urbana, prejudiciais à sustentabilidade econômica e social do ambiente construído. Isso ocorre porque o traçado viário e a estrutura do quarteirão compõem a malha urbana, que determina o padrão de circulação e o caráter de uma área. A rua pode emoldurar o perímetro do quarteirão, mantendo o padrão de circulação externo à ocupação, ou, ramificar-se em vias de acesso internas ao mesmo, como propôs o Movimento Moderno. O padrão da malha tradicional pode ser exemplificado pelo plano de expansão da cidade de Barcelona, baseado em uma malha urbana de traçado regular. O Plano do “Ensanche”- de Cerdá (1857), continha dois elementos principais: quarteirões com dimensão de 113m x 113m e “ruas corredores”. Entretanto, houve uma inovação no plano, que representou uma flexibilização quanto à ocupação do quarteirão: a destinação do pátio interno do quarteirão para espaço de uso coletivo. Esse espaço de uso coletivo seria, segundo o urbanista, o pulmão de cada quarteirão e sua ocupação seria voltada a prover uma cota de área verde para aquela comunidade local (CERDÁ, 1857). Brasília pode exemplificar o modelo modernista em suas Superquadras, que são quarteirões abertos. Nessas ocupações, a área livre no nível térreo predomina, os edifícios acontecem sobre pilotis livres e o uso predominante é o residencial, com dois lotes destinados a escolas públicas. Mas vale destacar que a diferença mais importante entre os dois modelos é a densidade construtiva e populacional, sendo que Brasília mostra-se como uma cidade de média e baixa densidade que demanda grandes extensões de redes de infraestrutura, comprometendo a sustentabilidade principalmente nos aspectos funcionais e sociais. Já Barcelona representa o modelo da cidade compacta, mas é extremamente densa e sua forma otimiza o uso das infraestruturas. Por ser mais densa, essa cidade mostra-se mais sustentável também na dimensão social. Cumpre ressaltar, contudo, que do ponto de vista de adaptação às mudanças climáticas, é preciso aprofundar o conhecimento da relação dessa solução com as ilhas de calor urbanas e as ondas de calor. A dispensa de recuos entres as edificações para a criação de bloco único tende dificultar a circulação de ar e a dissipação de calor, além de comprometer outros elementos de desempenho das edificações, tais como iluminação natural, ventilação cruzada, insolação, entre outros. Além disso, pode favorecer a canalização de ventos, que em cenário de mudanças climáticas, tendem a ter maior velocidade, o que resulta em danos, principalmente pela queda de árvores.