Aplicação de tarifa branca em Mato Grosso do Sul/Estimativa de Impactos

Metodologia

Para a realização deste estudo foi necessária uma abordagem de conceitos teóricos dos tipos de tarifas existentes, mecanismos de GLD disponíveis, bem como as tarifas diferenciadas que existem, além dos principais tipos de estimativa de curvas de carga em um sistema de distribuição de energia elétrica. Também foi necessária uma explanação abrangente dos resultados advindos da Pesquisa de Posse e Hábitos feita em Mato Grosso do Sul, onde foi possível avaliar a percepção em relação a um desconto na tarifa de energia elétrica em um determinado nicho de pessoas, através de um questionário. Depois foi realizada uma construção de mapas de probabilidades de migração para tarifa branca no município considerado no estudo, a partir da metodologia com base no estudo de Francisquini (2011), para estimação de curvas de carga características para cada faixa de consumo da classe residencial, que são o universo de consumidores que estão enquadrados na faixa propícia para a tarifa branca. A partir da estimação, foi possível concluir que na medida em que se aumenta a faixa de consumo, principalmente nas faixas acima de 500 kWh, observa-se um aumento do percentual de utilização da energia no horário fora de ponta, o que denota a presença de atividades de âmbito comercial neste universo de consumidores. Portanto, conclui-se que é vantajosa a adesão de grandes consumidores cujo consumo já está em sua maioria fora do horário de pico, mas o efeito dessa adesão na redução do consumo geral no horário de pico não tem impacto relevante, pois o objetivo da tarifa branca é deslocar o consumo do horário de pico. A etapa seguinte foi realizar simulações de economia para cada uma das faixas de consumo da classe residencial, caso migrassem para a tarifa branca, baseadas na PPH (pesquisa de posses e hábitos) de equipamentos por faixa de consumo. A partir desses resultados por faixa de consumo foi encontrado o valor de consumo mínimo teórico, para, dessa forma, construir os mapas de probabilidades de migração para tarifa branca em uma cidade de porte médio de Mato Grosso do Sul. Para realizar esta analise foi muito importante conhecer o comportamento dos diferentes aparelhos eletroeletrônicos dos consumidores residenciais, que são os usuários mais comuns do sistema elétrico, tais como aquecimento, refrigeração ou iluminação, como contribuem para a curva de carga no momento do pico e também em outras horas do dia. Segundo o Procel (2005), os dispositivos com maior peso no consumo final de energia elétrica da classe residencial no Brasil são: o chuveiro elétrico, com uma participação de 24%; a geladeira, com 22%; o condicionamento ambiental, com 20%; e as lâmpadas. A possibilidade de utilizar esses equipamentos nos períodos fora de ponta será fundamental para definir se a adesão à tarifa branca poderia ser vantajosa para o consumidor. Para este estudo de caso, o autor utilizou dados oriundos de um município do Mato Grosso do Sul, Brasil, com aproximadamente 800 mil habitantes dos quais 98,66% são urbanos e 1,34% são rurais e cuja área total ultrapassa 8.093 km2, sendo que os setores analisados neste estudo pertencem à região urbana do município. Com vistas a simular o comportamento dos consumidores residenciais do município em estudo, Cunha (2018) utilizou um modelo de otimização para caracterizar o comportamento dos consumidores, que representam cerca de 80% dos clientes da BT da concessionária em análise, ou seja, uma parcela importante do mercado que estará apta à aplicação da nova modalidade tarifária disponível para os consumidores a partir de 2018.