Artigo Estudos de Caso

Redução de odores em reatores anaeróbios por meio da aplicação de hidróxido de cálcio em suspensão aquosa

Metodologia

Saneamento Ambiental - ÁGUA

Técnicas de controle de odor de efluentes de esgoto

Brasil

Paraná(PR)

Os odores oriundos de Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) são um problema para os habitantes que vivem perto de suas instalações. Considerando o aumento de reclamações em relação aos maus odores, os pesquisadores Ross et. al. (2018) investigaram as possibilidades e alternativas para redução desses odores. O estudo de caso narrado aqui apresenta os resultados desse trabalho. Em especial, os autores analisaram um produto ainda pouco utilizado para esse tratamento, o hidróxido de cálcio em suspensão aquosa (Ca(OH)2). Em prol de resultados comparativos entre os pontos com e sem dosagem, foram feitas medições e análises diárias nos reatores de uma ETE em escala real durante cinco meses. Bem como a análise de custo benefício do produto dosado, hidróxido de cálcio, para substituir o Peróxido, produto que vem sendo utilizado na ETE há algum tempo.

Custo para Implementação

Informação não disponível

O financiamento é fruto da ação de cooperação entre a SANEPAR, empresa Dyller e PUC - Paraná.

Desafios

  • Controle de emissão de adores em ETEs é uma ferramenta de gestão integrada com enfoque ambiental, controle de qualidade, saúde e segurança.

Contexto

As queixas sobre as emissões de odores em Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) têm crescido muito nos últimos anos. Segundo Kaye e Jiang (2000), mais de metade das denúncias ambientais feitas pelas pessoas para o órgão de controle ambiental provem dos maus cheiros emitidos das estações. Por isso, é importante avaliar e controlar essas emissões. Entre os vários compostos odoríferos emitidos pelas ETEs, o principal é o gás sulfídrico (H2S), que é formado a partir da redução dos sulfatos a sulfetos pelas bactérias anaeróbias (GOSTELOW et al, 2001). No entanto, os sulfetos em meio liquido são facilmente liberados para a atmosfera (SOUZA et al., 2011). O H2S possui um odor característico de ovo podre e pode ser detectado pela maioria dos indivíduos em concentrações extremamente baixas, 2-4 ppb. Em concentrações superiores a 300 ppm é letal (LUDOVICE et al, 1997). Além de ser um gás inflamável e altamente tóxico, também tem uma alta capacidade corrosiva que pode gerar inúmeros problemas operacionais (AZEVEDO et al, 1999). Vários fatores alteram a produção de gases para o meio, pois afetam diretamente a solubilidade dos compostos. Nesse caso, a forma estável do sulfeto depende do pH do meio. Para um pH menor que 7, a forma predominante é o H2S (gás odorante). Para um pH entre 7 e 12, há uma predominância dos íons HS-; já para valores superiores (pH >12), a forma estável é o S2 -; nestas duas últimas formas não há emissão de maus odores porque o sulfeto permanece no meio líquido (GOSTELOW et al, 2001). Assim, uma das formas de mitigar as emissões odoríferas é elevar o pH do esgoto. Diversos produtos químicos podem ser utilizados, dentre eles o hidróxido e carbonato de sódio, cal hidratada, calcário e calcário dolomítico. Esses dois últimos, são mais baratos, mas sua aplicação é mais difícil e a taxa de reação é mais lenta. A cal hidratada, também possui um bom preço, mas apresenta o inconveniente do preparo da solução a 30%. As soluções de hidróxido ou carbonato de sódio tendem a ter um custo elevado, mas são adequados e largamente utilizados para pequenas ETEs ou quando a dosagem necessária é baixa (METCALF & EDDY, 2003). A aplicação de hidróxido de cálcio em suspensão aquosa (Ca(OH)2) libera os íons cálcio que neutralizam as cargas elétricas superficiais, agindo como coagulante inorgânico, elevando o pH, sendo uma opção de fácil aplicação e inovadora no mercado, apesar de ainda existirem poucos estudos sobre o assunto.