Arquiteta e Urbanista debate estratégias para a integração de SbN no planejamento urbano
Arquiteta e Urbanista debate estratégias para a integração de SbN no planejamento urbano
20/09/2024
Atualizado em 20/09/2024 | por Equipe OICS
Taneha Bacchin, arquiteta, professora e diretora de pesquisa em projeto urbano e territorial na Universidade Técnica de Delft, marcou presença no V Seminário Internacional de Soluções Baseadas na Natureza (SbN), com sua palestra sobre “Projeto e Planejamento Estratégico de Soluções Baseadas na Natureza: Paisagem, Ambiente Construído e Política Ecológica”. Bacchin, que realizou sua tese de mestrado sobre Brasília, trouxe uma reflexão teórica crítica sobre a integração de SbN no planejamento urbano.
A palestra começou com uma reflexão sobre a importância de construir um imaginário coletivo que pense em condições futuras possíveis para a implementação de processos naturais no ambiente construído: "Qual narrativa estamos construindo como sociedade? Qual é nosso posicionamento crítico? Quais ações decorrem disso e como isso afeta a produção do espaço?", questionou.
A arquiteta abordou a desconstrução das técnicas atuais e a integração de infraestruturas verdes e azuis com as infraestruturas cinzas existentes. Segundo ela, a infraestrutura deve ser adaptada de forma híbrida, com um enfoque na integração dos processos naturais. "Entendemos que a paisagem, mesmo quando é rural ou natural, também desempenha objetivos que podem ser incluídos no processo de projeto", afirmou.
Referenciando Donna Haraway, Taneha ressaltou que a natureza é uma construção humana e que soluções baseadas na natureza não são novas. Exemplos históricos, como os mananciais sagrados na Índia, demonstram a antiguidade e a diversidade dessas práticas. Ela citou o conceito holandês de "Building with Nature", onde se aumenta a zona costeira com uma linha de areia distribuída naturalmente pelo vento e correntes marítimas.
A palestrante também enfatizou que, em razão da crise climática, há necessidade de uma abordagem sistêmica, uma vez que as decisões atuais terão impactos futuros e que o projeto deve ter uma visão de longo prazo. A multifuncionalidade e a integração de áreas verdes e azuis com a infraestrutura existente foram apontadas como pontos-chave das soluções baseadas na natureza.
Ela abordou a necessidade de uma mudança de paradigma e a interrupção de práticas insustentáveis, o que envolve a transdisciplinaridade e a integração entre planejamento urbano e outras áreas. Bacchin destacou a importância de intervenções situadas e específicas em relação à cultura local, assim como a governança através do projeto socioambiental, considerando tanto a microescala quanto a escala sistêmica.
"Precisamos acelerar o processo de adaptação para garantir que não ultrapassaremos limites que comprometam a qualidade do sistema", afirmou a professora, mencionando o desenvolvimento de um programa nacional de resiliência climática com envolvimento da população e do setor financeiro.
Em conclusão, Taneha destacou que as escolhas que fazemos agora são cruciais para garantir a sustentabilidade para as futuras gerações. "Precisamos fazer escolhas difíceis e dolorosas, pois o tempo é limitado. A integração entre programas de governo e setores é fundamental para construir um imaginário futuro que informe as decisões que devemos tomar no presente", finalizou.