Estudos
Horta das Corujas
Soluções Baseadas na Natureza (NBS)
Hortas comunitárias urbanas
Brasil
São Paulo(SP)
A Horta das Corujas está localizada na praça Dolores Ibarruri,em São Paulo. A praça possui 48.000 m² e é conhecida popularmente como Praça das Corujas e possui um rio canalizado e aberto que passa na sua parte mais baixa. A praça recebeu o projeto de paisagismo que visava introduzir componente de NBS em escala local: biovaletas para conduzir as águas das chuvas, reduzindo a energia de escoamento em seus taludes. Contudo, o projeto foi feito com extensos gramados que erodem com grandes chuvas, não possuem altos níveis de biodiversidade e são considerados desertos verdes, e assim requerem podas e manejo constantes. Contido, em 2011, em uma área que era gramada, teve o início do plantio de alimentos por moradores incentivados por Claudia Visoni e Tatiana Achcar. Atualmente são 800 m² de horta comunitária, que produz alimentos, principalmente PANC – Plantas Alimentícias não Convencionais. Ademais, a partir do projeto da horta foram recuperadas cinco nascentes, cujas águas são conduzidas para cacimbas por biovaletas, e o excedente vai para um jardim de chuva que possibilita a infiltração no lençol freático. Portando, a transformação da paisagem é impressionante, abrigando rica biodiversidade ao contrário do resto da praça. A relevância desse projeto vai além da produção de alimentos no local, pois ele passou a ser referência nacional e internacional ao possibilitar um movimento de Hortelões Urbanos. Atualmente esse movimento possui uma página na internet com mais de 82.000 seguidores que trocam experiências e conhecimento, reconectando as pessoas com a natureza e a fonte de alimentos.
Custo para Implementação
Informação não disponível
Auto-financiamento
Desafios
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A Horta das Corujas mimetiza a natureza, sendo um ecossistema autossuficiente. A água vem das nascentes, o adubo da compostagem, aproveitam materiais reciclados e não geram lixo.
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Transformação de um gramado que é considerado 'deserto verde', por uma área que contribui com múltiplos serviços ecossistêmicos.
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Recuperou o ciclo natural da água com a recuperação de 5 nascentes nos 800 m² da horta.
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A água que brota nas nascentes é usada para irrigação da horta, e conduzida até a parte mais baixa do terreno quando infiltra para recarga do aquífero.
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O sistema que desenvolvido permite o manejo sustentável das águas das chuvas, evitando que escoem superficialmente, o que reduz o potencial alagamento de áreas mais baixas.
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A horta restabeleceu o ciclo hídrico com nascentes que jorram mesmo em tempos de seca, e produz alimentos dando resiliência ao sistema urbano para enfrentar os desafios das mudanças climáticas.
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A horta recuperou nascentes e mantém as águas limpas e a recarga do aquífero.
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As atividades da horta têm melhorado a qualidade de vida, saúde e educação para nutrição para além de seus limites físicos, influenciando cidades em todo Brasil e até no exterior.
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Múltiplos serviços ecossistêmicos foram restaurados: alimentos, água, biodiversidade, coesão social, educação ambiental e alimentar, dentre outros.
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Melhoria da qualidade da praça, atraindo mais mulheres e crianças para a área.
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A Horta das Corujas tem contribuído para que outras hortas.
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A Horta das Corujas é um exemplo de governança participativa, onde os participantes têm uma relação horizontal.
Contexto
São Paulo é uma megacidade, com 21,2 milhões de habitantes em sua Região Metropolitana, a maior da América do Sul. Durante o processo de urbanização, os ecossistemas foram erradicados, rios desapareceram da paisagem, restando apenas canais poluídos visíveis. Os alimentos vêm de áreas distantes dos centros. Com isso, os habitantes são desconectados da natureza, dos processos e fluxos naturais, das fontes de água e comida. A natureza construída e raros remanescentes florestais estão restritos em parques e algumas praças. Como nota de esclarecimento, em São Paulo a diferença entre parque e praça se dá pelo seu cercamento ou não, sendo desconectado de suas condições ecológicas ou área que ocupa.
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