Mercado Municipal de São Paulo

Resultados e Impactos

Espaços públicos vibrantes podem ser criados de forma relativamente simples nas áreas de abrangência do mercado público. Um espaço de mercado público quando inserido na escala humana impulsiona o comércio de rua e propicia atividades complementares, tais como demonstrações culinárias, atrações infantis, entre outras. O Mercado de São Paulo valoriza a região central da cidade e conecta diferentes percursos a outros pontos de atração turística, como o Vale do Anhangabaú, a Pinacoteca e o Museu da Língua Portuguesa. Isso possibilita maior visibilidade do centro e de suas atratividades, evidenciando a necessidade de uma gestão pública integrada.

Fatores de Fracasso

Com a requalificação do espaço, o Mercado Municipal abriu grandes lojas e restaurantes em um novo espaço, atraindo o público que antes consumia os produtos de fornecedores e lojistas de menor porte. As estratégias de venda e o novo conceito assumido após a construção do mezanino nos remetem ao marketing realizado no local, que envolve uma cultura consumidora atual, interferindo no modo de agir e de pensar dos que ali trabalham e vivem seu dia a dia. Isso é colocado na página 57 da Tese de Roim (2016): "Turistas e clientes são classificados de modo diferente entre os funcionários, havendo até mesmo momentos de hostilidade, uma vez que os turistas, na maioria das vezes, são considerados clientes apenas pelo espaço do moderno e não pelos demais. Alguns funcionários das bancas de frutas, por exemplo, chamam os turistas de “moscas” que visitam o mercado, pois olham as mercadorias, mas nada compram, segundo declarações de alguns deles. Nota-se uma rivalidade presente entre os permissionários mais antigos, que ocupam os boxes de empórios, de frutas, de carnes e demais produtos alimentícios, e os permissionários das bancas que oferecem alimentação rápida, sobretudo dos restaurantes localizados no mezanino, que se tornaram o símbolo da modernidade e da nova função atribuída ao Mercado, a partir do momento em que se propôs a reforma como parte do projeto de revitalização do centro velho da cidade para torná-lo um ponto turístico da capital. É preciso observar as pré-existências em qualquer processo de revitalização para que se evitem cismas posteriores nas relações sociais do espaço.

Fatores de Risco

O mercado deve sempre dialogar com seu entorno e ações devem ser feitas nesse sentido. O Mercadão de São Paulo, embora seja um edifício emblemático que caracterize a arquitetura de uma época, poderia mostrar-se mais aberto à rua em si. Seria oportuno reavaliar sua inserção urbana a fim de que o mercado apoiasse o comércio de rua lindeiro, evitando bolsões de estacionamento ao seu redor e favorecendo espaços de circulação de pedestres mais amplos e seguros.