Artigo Estudos de Caso

Sistema de resfriamento natural nos hospitais da Rede Sarah

Metodologia

Ambiente Construído

Estratégia bioclimática: Sistemas de resfriamento natural

Brasil

Bahia(BA)

Metodologia

O método aberto de projetação permitiu que o produto tecnológico se adaptasse conforme as características climáticas de cada local e ao mesmo tempo, favorecesse a realização de novas experiências que trouxeram inovações ao sistema de ventilação. Seguem alguns exemplos das experiências realizadas: 1. Inovação no Sarah de Salvador: as galerias de manutenção das instalações se tornam também galerias para a ventilação natural. As entradas das galerias para a captação do ar são orientadas no sentido dos ventos dominantes (nordeste). O ar canalizado cria um diferencial de pressão necessário para favorecer a ventilação vertical. Na ausência de ventos, ventiladores localizados na entrada das galerias são acionados para fazer a captação do ar e o insuflarem para os ambientes internos. 2. No projeto seguinte (hospital do Rio de Janeiro), as galerias foram substituídas por um pavimento técnico. A fachada externa desse piso é composta por um painel de alumínio perfurado para que ocorra a captação dos ventos. Do lado de dentro são dispostos ventiladores, que captam o ar, insuflando-o para os ambientes internos através dos espaços existentes entre as divisórias de argamassa armada. Nos ambientes, o ar sai por meio de venezianas localizadas nas paredes. 3. O resfriamento evaporativo é uma estratégia muito utilizada por Lelé de forma integrada à ventilação natural. No Sarah de Salvador, foi implantado um sistema de nebulização de água do lado de dentro das galerias. Nos hospitais posteriores, esse sistema foi localizado no lado de fora, como no Sarah Rio, cuja aspersão está no espelho d’água que margeia a fachada externa do pavimento técnico. Quando o ar que vem do exterior passa por dispositivos que aumentam a sua umidade relativa, no processo de evaporação, a água retira calor latente do ambiente, diminuindo a temperatura do ar e melhorando as condições de conforto. Além disso, tem a função de limpá-la, filtrando as partículas de poeira que estão presentes no ar. 4. A cobertura do hospital de Salvador é composta por uma camada externa de telhas de alumínio, uma camada de ar intermediária em torno de 15 centímetros de espessura e um forro interno de alumínio. O pé-direito é de três metros na parte inferior dos sheds e 4,50 metros na parte superior. Os sheds são projetados isoladamente para cada ambiente. 5. No Sarah Rio, a cobertura é completamente solta e independente dos espaços internos, vencendo vãos de até 15 metros. Entre os sheds e os tetos móveis, existe um grande espaço de ar ventilado de cerca de quatro metros, permitindo maior proteção térmica. O papel principal da grande cobertura que envolve todo o hospital do Rio de Janeiro é análogo a um prédio construído sob imensas copas de árvores, impedindo que o ganho de calor pela cobertura chegue aos ambientes internos, além de funcionar como difusor da luz solar e grande colchão de ar ventilado. “Entre a cobertura dos sheds e os basculantes, fica um colchão de ar que atenua todas as ações de calor, e quanto maior esse espaço, melhor”, afirma Lelé. 6. A ventilação pela cobertura é importante nesse processo. No Sarah Salvador, a ventilação natural de baixo para cima (efeito chaminé) ajuda a retirar o calor para o exterior. No Sarah Rio, a localização das aberturas dos sheds em lados opostos - barlavento e sotavento - permite a renovação contínua do ar, evitando nesse espaço o acúmulo de ar quente. 7. O espaço de ar existente entre a cobertura e o forro é outra solução que possibilita proteção térmica, reduzindo a entrada de calor nos ambientes internos pela cobertura. No caso de Salvador, esse espaço tem aproximadamente 15 centímetros. No Sarah Rio isso é acentuado pela cobertura totalmente independente do prédio.

Implementação

Atores

União

Governamental (de cima para baixo)

Associação das pioneiras

Institucional/Privada

Rede Sarah de hospitais

Institucional/Privada

Governança

A Rede Sarah Kubitschek recebe esse nome em homenagem à dona Sarah, esposa do presidente Juscelino Kubitschek, que à época do seu governo, em Minas Gerais, possuía uma entidade filantrópica - Associação das Voluntárias do Estado de Minas Gerais. Quando JK assumiu a presidência da República, esta mesma entidade ganhou status nacional e passou a ser responsável pelos hospitais públicos de atendimento às pessoas carentes. Com a evolução suas funções foram se modificando, até que em 22 de outubro de 1991 foi instituída a Lei nº 8.246 que criou a APS - Associação das Pioneiras Sociais (serviço social autônomo), de direito privado e sem fins lucrativos. O objetivo da APS é retornar o imposto pago por qualquer cidadão prestando-lhe assistência médica qualificada e gratuita, formando e qualificando profissionais de saúde, desenvolvendo pesquisa científica e gerando tecnologia. O caráter autônomo da gestão desse serviço público de saúde faz da APS a primeira instituição pública não estatal brasileira. A APS administra a Rede Sarah por meio de um instrumento inovador: o contrato de gestão lhe confere a possibilidade de gerir os recursos repassados pela União, oferecendo à população de todas as camadas sociais assistência médica gratuita e de qualidade.

Público-alvo

Todos os cidadãos brasileiros

Elementos de Replicabilidade

Devido ao clima quente e úmido do Rio de Janeiro, com temperaturas que atingem mais de 40° C no verão, o uso do ar condicionado torna-se indispensável em determinados períodos na maior parte dos ambientes. Ao contrário do hospital de Salvador e de grande parte dos edifícios da rede.

O projeto de um edifício híbrido exige mecanismos práticos para trocar de um sistema para o outro, evitando gastos excessivos com a energia elétrica. Desse modo, foram desenvolvidos sistemas automatizados, fabricados pelo CTRS, que facilitam a flexibilização e o controle desses sistemas. Essas soluções de resfriamento integradas evitam o uso exagerado do ar condicionado gerando economia.

Em alguns ambientes especiais, como o centro cirúrgico e setores de imagem, tornam-se necessários sistemas mecânicos de resfriamento, devido à necessidade do controle rigoroso da temperatura, da umidade e da pressão. Em outros mais flexíveis a esses fatores, a ventilação natural é suficiente através de fluxos verticais do efeito chaminé.