Artigo Estudos de Caso

Wear Next Campaign

Metodologia

Saneamento Ambiental - RESÍDUOS SÓLIDOS

Recuperação e tratamento de resíduos têxteis

Estados Unidos

Nova Iorque()

Em 2018, a Fundação Ellen MacArthur de economia circular, lançou a iniciativa "Make Fashion Circular", traduzido para o português "Faça a Moda Circular", onde concentra todos seus esforços internacionais com o objetivo de implementar soluções para uma economia mais circular para a indústria da moda. Nesse modelo, empresas e modelos de negócios aumentam o uso de roupas, roupas e tecidos são feitos de materiais seguros e renováveis, e roupas velhas são transformadas em novas. A iniciativa "Make Fashion Circular" lançou em 2019 a campanha "#WearNext", com o objetivo de direcionar todo o resíduo advindo da indústria têxtil em Nova Iorque nos Estados Unidos para uma possível reutilização ou reciclagem, a partir do engajamento da população na atividade de descarte correto de roupas e tecidos. Uma variedade de lojas vão participar como pontos de coleta, espalhadas pelo território da cidade. São mais de 1.100 pontos de entrega, onde todos estão marcados em uma página online criada pelo departamento de saneamento da cidade de Nova Iorque para facilitar o acesso à população a pontos de entrega de roupas usadas, e facilitar ao máximo o acesso, para que essas peças não sejam enviadas para o aterro sanitário, para onde eram enviadas anteriormente. Grandes nomes da moda estão colaborando pela primeira vez juntos em uma campanha para evitar o envio de roupas para o aterro sanitário. Essas grandes marcas, em conjunto com o departamento de saneamento da cidade, com a corporação de desenvolvimento econômico da cidade de Nova Iorque, com pontos de coleta, recicladores e empresas de revenda de roupas usadas trabalham em conjunto para a campanha da iniciativa #WearNext, que simboliza um esforço de diferentes stakeholders da cidade para atacar o problema de resíduos e poluição gerados pela indústria da moda. Alguns dos itens que podem ser entregues nos pontos de coleta são roupas, sapatos, casacos, acessórios (cachecóis, bolsas etc.), roupas de cama, toalhas, cortinas e tapetes. Além disso, alguns websites disponibilizam serviços de envio de roupas online para suas lojas.

Custo para Implementação

Sem custos envolvidos

Custo de manutenção não disponível

Desafios

  • Quando uma peça é doada e utilizada por outra pessoa, estamos evitando mais do que o lixo gerado, e sim ressignificando um novo uso para essa roupa que em outras circunstâncias seria jogada fora. Para que essa doação possa ser feita em escala, é preciso a colaboração de diversas partes, como vemos na solução em questão. Com esse esforço sistêmico, é possível evitar de forma consistente a geração de resíduos em larga escala, devolvendo esses tecidos para novos processos produtivos, ou doando-os para aqueles que necessitam.

  • Ao deixar de destinar suas roupas para o lixo, e consequentemente para o aterro sanitário, evitamos além de poluição por tecidos, que muitas vezes não chegam até os aterros por conta de sistemas de coleta de resíduos subdesenvolvidos, evitamos também a emissão de gases de efeito estufa derivados do processo de decomposição desses produtos.

Motivação

A campanha foi lançada com o objetivo de representar uma nova onda de colaboração e inovação intersetorial na indústria. Nova Iorque é o centro econômico global, assim como uma das capitais da moda do mundo. É a sede de grandes marcas, mas também a casa de uma comunidade de designers que estão desafiando disruptivamente a forma como a indústria opera. Quando a campanha #WearNext foi lançada, a escolha do local fez muito sentido tendo em vista as ações que a cidade já estava tomando em relação ao desafio da economia linear de "take-make-waste", em português "extrair-produzir-descartar", na moda principalmente, mas em diversos outros âmbitos também. Em conjunto com o departamento de saneamento da cidade, e a corporação de desenvolvimento econômico, marcas, coletores, recicladores e empresas de recompra, a iniciativa foi um esforço de mostrar para o mundo da moda no mundo todo, como é possível através de colaboração, trabalhar juntos para resolver os desafios enfrentados por essa indústria extremamente poluidora, e redesenhar o modo como opera para que possa ter um futuro promissor. A iniciativa exemplifica um grande passo para o redesenho dessa indústria e da sua cadeia. Porém, é importante entender e reconhecer que os consumidores sozinhos não conseguem trabalhar para solucionar todos os desafios referentes a resíduos e poluição presentes na moda hoje. É necessário que a indústria trabalhe em conjunto de forma colaborativa, para criar um sistema onde os tecidos produzidos são feitos de materiais renováveis e seguros para a saúde, onde modelos de negócios passem a aumentar o tempo útil das roupas produzidas, e transformar cada vez mais roupas usadas em novas peças, rumo a uma indústria lixo zero.

Contexto

O relatório lançado pela Fundação Ellen MacArthur de economia circular, desenha um guia para a criação e transformação dos negócios atuais, em novos negócios positivos para o meio ambiente. Isso abre a discussão que levará o mercado a encontrar uma forma colaborativa de trabalhar em conjunto para melhorar a atuação da indústria, para o futuro da moda e para o futuro do planeta. Globalmente, 73% de todos os materiais usados para produção de roupas são enviados para aterros sanitários, ou são queimados em seu fim de vida, enquanto menos de 1% de todas as roupas produzidas são utilizadas para a produção de novas roupas (Ellen MacArthur Foundation, A new textiles economy: Redesigning fashion’s future, 2017). Todo ano, na cidade de Nova Iorque nos Estados Unidos, onde a campanha foi implementada, 91 milhões de quilos de roupa são enviados para aterros, o equivalente a mais de 440 estátuas da liberdade. Ao criar uma nova economia para os têxteis, é criado também um novo nível de ambição para a indústria da moda, que necessitará uma escala sem precedentes de colaboração entre elos.