Artigo Estudos de Caso

Mapocho Pedaleable - Santiago - Chile

Metodologia

Mobilidade

Reabilitação de espaço residual como infraestrutura de circulação

Chile

Santiago()

Metodologia

A obtenção do primeiro lugar no concurso promovido pela CAF permitiu colocar de pé a proposta para um convênio de Cooperação Técnica na mobilidade de empréstimo não reembolsável, entre a Corporación de Desarollo de Santiago (CORDESAN) e a CAF. A partir de então realizou-se um estudo com o desenho arquitetônico a nível de anteprojeto, contendo, a nível de detalhe, o desenho e as especificidades dos acessos ao rio. Essa etapa foi realizada pela Corporación Pedaleable – contratada como consultora, em compromisso firmado no plano de trabalho que também definiu as responsabilidades das demais partes envolvidas: a Corporação para o Desenvolvimento Urbano de Santiago, a municipalidade de Providência e a Municipalidade de Santiago. Essas instituições foram responsáveis – nesta etapa – por avaliar e aprovar as atividades desenvolvidas pelo consultor. Na prática, os serviços profissionais da Corporación Pedaleable foram contratados por US$ 130.000 para desenvolver o projeto de arquitetura detalhado, incluindo as especificidades de: topografia e mecânica dos solos, cálculo estrutural, engenharia elétrica e sanitária, paisagismo, iluminação, gestão de uso e medição de impacto do projeto. Essa etapa geral contemplou três etapas específicas: 1) Elaboração de anteprojeto, focado no sistema estrutural, observando aspectos como a (i) localização dos acessos contendo arquitetura básica, com plantas, cortes e elevações gerais; (ii) imagens e modelos digitais simples; e (iii) especificações preliminares de materiais e sistemas construtivos. Ao fim dessa etapa, previu-se a entrega de um relatório contendo: a) resultados da participação cidadã; b) pautas e critérios sobre o projeto geral, proposta de gestão de uso do projeto, proposta para estimação de custos da construção do projeto e as especificidades envolvidas. 2) A elaboração do projeto com vistas à licitação e a solicitação de permissão para construção. Nesta etapa gerou-se os planos definitivos de arquitetura e as especialidades requeridas para tais propósitos. O projeto contemplou (i) plantas, cortes e elevações de arquitetura básica; (ii) planos de arquitetura de núcleos; (iii) planos de arquitetura de subcontratos; (iv) planos de arquitetura de detalhes; (v) imagens e modelos detalhados; e (vi) especificações técnicas detalhadas de execução. 3) Adequação do projeto de arquitetura e especialidades em respostas aos processos de participação e obtenção de permissão para edificação dos acessos e aprovações correspondentes por parte dos órgãos responsáveis por obras municipais de Santiago e Providencia. O primeiro relatório foi entregue em abril de 2015, o segundo em outubro desse mesmo ano e o terceiro, contendo o projeto final, em janeiro de 2016. Entre os anos de 2016 e 2018, o acesso ao rio tem sido aberto por mais tempo, sendo denominado “Ciclopaseo Mapocho Pedaleable Provisorio”. Ainda no final de 2018, a intendência metropolitana de Santiago anunciou um projeto, embora inspirado no Mapocho Pedaleable, que recebeu o nome “Paseo Urbano Fluvial Río Mapocho”. Esse projeto contempla a construção de cinco acessos metálicos retráteis, um corredor multipróposito de 4,3 quilômetros com pavimento no leito do rio, iluminação, circuito de segurança com câmeras de vigilância e um sistema de alerta para o caso de eventuais alterações no volume de água do rio.

Implementação

Atores

Corporación Pedaleable

Governamental (de cima para baixo)

Corporación Andina de Formento (CAF)

Institucional/Privada

Municipalidade de Santiago

Governamental (de cima para baixo)

Corporación de Desarollo de Santiago (CORDESAN)

Governamental (de cima para baixo)

Centro de Políticas Públicas da Univerdad Católica de Chile

Institucional/Privada

Bitumix

Público-Privada

Municipalidade de Providencia

Governamental (de cima para baixo)

Centro de Políticas Públicas da Universidade Católica de Chile

Institucional/Privada

Governança

A concepção do projeto Mapocho Pedaleable tem uma perspectiva progressiva. Vale destacar que o projeto se inicia em 2011 com uma convocatória para uma séria de visitas – ocorrida em quase todos os anos desde então - ao rio, com o objetivo de descontruir sua imagem negativa, promovendo o acesso das pessoas à pista ciclável na calha do rio para demonstrar sua viabilidade enquanto corredor para pessoas. O primeiro desses eventos, com a participação de 400 pessoas foi o ponto de partida para um longo processo de participação cidadã. A iniciativa do projeto é da Corporación Pedaleable, um grupo de profissionais liderados pelos arquitetos Tomás Echiburú y Osvaldo Larraín e que encontrou ressonância na sociedade civil organizada, particularmente em grupos de ciclistas de Santiago. A partir de 2013 se somaram à iniciativa entes públicos, mais especificamente as municipalidades de Providência e Santiago, além de organizações sociais defensoras do uso de bicicleta. Nesse ano, se instalaram, pela primeira vez, rampas de acesso provisórias, que permitiram utilizar um trecho de três quilômetros do Rio. Pela primeira vez, mesmo que por apenas um dia, os participantes puderam ter de fato uma noção do rio como espaço de mobilidade. No ano de 2014, o evento conseguiu despertar a atenção do Ministério de Transportes e Meio Ambiente do Chile e do governo regional de Santiago, que estiveram no evento, e que, como no ano anterior, contou com as rampas provisórias de acesso. Além disso, essa edição incorporou atividades artísticas e musicais, além de uma feira de empreendimentos relacionados à bicicleta, conseguindo reunir ao final mais de cinco mil pessoas. Em 2015, o acesso ao rio, pela primeira vez, esteve aberto durante dois dias, permitindo maior fluxo de pessoas. A participação superou as 30 mil pessoas e contou com a participação de outras autoridades municipais, como Recoleta e Independência. Durante todo um final de semana, a cidade foi transformada, tendo parte das ruas fechadas, ciclovias experimentais, feiras ciclísticas e gastronômicas, competições de ciclismo e stands de organizações sociais. No ano de 2016, o rio ficou aberto por seis dias, coincidindo com a realização do 5º Fórum Mundial da Bicicleta, em Santiago. O fato mais importante foi o asfaltamento da rota graças ao apoio de uma empresa privada. Nesses seis dias, estima-se que circularam mais de 50 mil pessoas, entre ciclistas e pedestres. Em 2014, o projeto Mapocho Pedaleable obteve o primeiro lugar no 3º Concurso de Projetos de Desenvolvimento Urbano e Inclusão Social da Corporação Andina de Fomento (CAF). Isso permitiu o recebimento de recursos para custear os estudos de viabilidade e detalhe técnico para materializar o projeto. Anteriormente, foi realizado, em conjunto com o Centro de Políticas Públicas da Universidad Católica do Chile, um estudo com o objetivo preliminar de verificar a viabilidade técnica do projeto, que contou com a apoio do Ministério de Transportes, o qual destinou recursos mediante uma licitação pública. São atores fundamentais, portanto, a Corporación Pedaleable (responsável pela concepção, coordenação e elaboração de projeto arquitetônico), a Corporación Andina de Formento (CAF), responsável pelo financialmento de estudo de viabilidade e projeto básico, e, como apoio institucional, a Municipalidade de Santiago, a Municipalidade de Providência, a Corporación de Desarrollo de Santiago (CORDESAN) e o Centro de Políticas Públicas da Universidad Católica de Chile, fundamental para a parceria na elaboração de estudo prévio de viabilidade econômica.

Público-alvo

População de Santiago.

Elementos de Replicabilidade

A adaptação deste tipo de solução passa primeiro pela identificação de áreas passíveis deste tipo de intervenção, que não precisam ser necessariamente a calha de um rio, como é o caso descrito. Imagina-se alvos potenciais qualquer tipo de espaços não utilizados, intersticial, abandonados, como calha de ferrovias desativadas, margens de autopistas e orlas turísticas semi-urbanizadas.

Interação contínua entre os líderes do projeto e as instituições públicas parceiras; elaboração de estudos para o desenvolvimento de projeto arquitetônico detalhado.

Elaboração de estudos técnicos contendo detalhes construtivos.

Projetos de cálculo estrutural e de iluminação.

Plano com modelo de gestão que garanta o funcionamento do sistema ao longo do tempo.

Elaboração de relatório de avaliação de custos.