Artigo Estudos de Caso

Parque das Pedreiras - Curitiba - Brasil

Metodologia

Soluções Baseadas na Natureza (NBS)

Transformação de áreas de mineração desativadas e abandonadas em Parques Urbanos

Brasil

Paraná(PR)

Até o ano de 1992, a Pedreira João Gava ocupava uma grande área em Curitiba onde se tinha como atividade a extração de pedras de gnaisse e migmatito para a produção de calçamentos e britas. A Pedreira João Gava foi explorada por várias décadas e, em 1992, foi transformada em parque, denominada Parque das Pedreiras. O parque tem 81 milhões de metros quadrados de área verde preservada e está inserido em roteiro de geoturismo do estado do Paraná. Possui lagos e cascatas, edifícios que abrigam atividades culturais e praças; é um local de uso variado e possibilita o desenvolvimento de várias atividades econômicas em sua zona de uso intensivo. O principal espaço do parque é composto por um grande centro cultural chamado Ópera de Arame, envolvido por lagos, cascatas e matas de araucárias. O edifício possui capacidade para 2.400 pessoas, estrutura em aço e revestimento em vidro. Outro pavilhão destina-se ao Espaço Cultural Paulo Leminski, que apresenta as obras, fotos e a história do poeta, além de um palco ao ar livre que pode comportar grandes apresentações. O Parque das Pedreiras é um ponto turístico da cidade de Curitiba já consagrado.

Custo para Implementação

Informação não disponível

A partir do diagnóstico da área degradada de antigas minas se identifica as possibilidades de uso futuro do local, que podem ser para empreendimentos de parques, residenciais, culturais, esportivos, comerciais e outros. No caso da área da antiga pedreira João Gava, a criação do Parque das Pedreiras foi a decisão viável, levando em conta questões socioambientais. O financiamento do empreendimento na década de 90 veio do setor público que arcou com os custos de implementação do parque na cidade de Curitiba quanto planejamento, mapeamento, demarcação de área, projeto do parque, construção da Ópera de Arame, construção do espaço cultural, reflorestamento e urbanização. A participação de empresas parceiras e companhias de turismo foi relevante no desenvolvimento dos potenciais econômicos que envolvem o Parque das Pedreiras.

Desafios

  • Fechamento de mina não engloba apenas os aspectos físicos e minerais. A preocupação com o meio ambiente, com a comunidade e com o futuro da área minerada também são constantes. A criação de parques em antigas áreas de mineração e atividade industrial finaliza a degradação do solo e de todo o espaço daquela área, revitalizando-a com o reflorestamento e projetos de espaços convidativos com variedades de usos, de forma que haja a ocupação pela população, por novas atividades econômicas e turísticas. A ausência de atividade mineradora faz com que a região de exploração não seja mais um vetor de emissão de poluentes e a criação dos parques aprimoram os índices positivos de descarbonização da infraestrutura.

Contexto

A mineração é um setor de profunda importância para o país, pois, além do que já representa para a economia atual, tem potencial de crescimento. Esse potencial se deve ao fato de que o país possui importante reserva mineral ainda não explorada. O Paraná apresenta grande potencial mineral com diversidade de terrenos e variedade quanto formações geológicas. O estado se destaca na promoção de políticas relativas a questões socioambientais, o que justifica os seus projetos e ações. Portanto, a criação de um parque ou outro empreendimento com característica socioambiental, turística e cultural em uma antiga área de mineração ou atividade industrial reflete o perfil de gestão regional. As potencialidades econômicas e sustentáveis em áreas degradadas tem sido alvo de importantes projetos, como o da antiga Pedreira João Gava que deu lugar à criação do Parque das Pedreiras em Curitiba. Outros exemplos: 1. Belo Horizonte, Brasil: Parque das Mangabeiras - é a maior área verde da cidade com 337 hectares de área de preservação ambiental. O local abrigou uma empresa mineradora municipal, a Ferro Belo Horizonte S/A (FERROBEL) que explorava minério de ferro no local. O Parque das Mangabeiras foi criado em 1966 para preservar a reserva florestal e devolver a área para a cidade. O espaço abriga diversos tipos de vegetação do cerrado, com estrutura para lazer, esporte, eventos e atividades culturais. 2. Estádio Municipal de Braga, Portugal: é um bom exemplo de aproveitamento do espaço vinculado a uma necessidade local. A cidade precisava de um novo estádio para a realização do campeonato de futebol Euro 2004. O estádio foi construído em meio à rocha e sua estrutura é apoiada no granito em estado bruto. Devido a sua localização e integração com o entorno, ele também é conhecido como “A Pedreira”. 3. Ópera de Dalhalla, Suécia: na área funcionava uma pedreira de calcário cuja exploração foi encerrada em 1991 e deixou uma cratera sem uso previsto. Foi então idealizado um projeto de construção de um um anfiteatro, a Ópera de Dalhalla, com 4.000 assentos e que constantemente recebe apresentações teatrais e concertos. O anfiteatro está em meio a um bosque que se abre em uma impressionante cratera, com um lago de água verde junto ao palco. O empreendimento trouxe vitalidade para indústria turística, atraindo 100.000 visitantes por ano; 4. Projeto Éden, Cornalles, Inglaterra: é um jardim global que é considerado a maior estufa do mundo. O projeto éden foi implantado em uma antiga área de exploração de caulim na Inglaterra, que funcionou por 170 anos. Todo o projeto segue os princípios da sustentabilidade, com aproveitamento da água da chuva, produção de energia solar, plantações sem a retirada de espécies locais, reversão da característica de solo inapropriado com criação de novo solo composto de barro, areia, minerais e matéria orgânica (Vieira, 2020).